UE procura ação coordenada sobre viagens para o Reino Unido

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Dezenas de países estão a fechar as portas ao Reino Unido por causa da nova estirpe, mais infecciosa, do coronavírus. UE decide hoje ação coordenada

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Um após outro, os países europeus têm estado a impor proibições de viagens ao Reino Unido por causa da nova variante, 70% mais infecciosa, do novo coronavírus.

A presidência alemã da União Europeia convocou para esta segunda-feira uma reunião de emergência para coordenar a resposta dos 27.

As decisões de restringir as viagens foram anunciadas sem pré-aviso; muitos passageiros foram apanhados de surpresa, como Francesca Arthur, que viajava de Oxford para Roma: "Não estou preocupada. Penso que é normal, pelo menos daquilo que percebo por causa da mutação. Obviamente que não é o ideal antes do Natal, mas é compreensível que o governo tome as decisões que tomou", afirma.

Outra passageira, viajou sem sequer saber das restrições que acabavam de ser impostas pelo governo italiano: "Sabe, nós nem sabemos ainda o que aconteceu. Embarcámos no avião. Fiz inclusive um teste, por isso sinto-me protegida, e chegámos aqui e ouvimos rumores..."

A França proibiu todas as viagens para o Reino Unido, incluindo o tráfego que passa pelo Canal da Mancha, semeando o caos, com milhares de camiões bloqueados.

Face à reação da Europa, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, convocou uma reunião do comité de crise, Cobra, para esta segunda-feira.

Desde este domingo que em Londres, no País de Gales e todo o sudeste de Inglaterra, as ruas estão desertas. Com o nível mais elevado de restrições, a ordem é para ficar em casa.

Apesar de mais contagiosa, a nova estirpe do vírus parece não provocar sintomas mais severos, como refere o antigo conselheiro científico do governo britânico, Sir Mark Walport: "A nova estirpe é mais transmissível. Se há uma boa notícia é que ela não parece piorar a doença, o que é importante. E, tanto quanto sabemos nesta fase, a vacina ainda funciona contra ela".

Com o número de novos casos diários a chegar aos 35 mil - mais do dobro do que na semana passada - as pessoas estão a armazenar comida. Este fim de semana, na região onde foi decretado o confinamento para 21 milhões de pessoas, houve filas intermináveis à porta dos supermercados.

OMS diz que é preciso evitar a propagação

A Organização Mundial de Saúde (OMS) diz estar em "em estreito contacto com funcionários do Reino Unido sobre a nova variante do vírus" e promete atualizar a informação para os governos e o público à medida que for havendo mais conclusões.

"O que compreendemos é que tem aumentado a transmissibilidade, em termos da sua capacidade de propagação. Estão em curso estudos para compreender melhor a rapidez da sua propagação e se está relacionada com a própria variante, ou uma combinação de fatores como o comportamento" disse Maria Van Kerkhove, líder técnica da OMS para a COVID-19.

Segundo Maria Van Kerkhove, a estirpe também foi identificada na Dinamarca, Holanda e Austrália, onde houve um caso que não se espalhou mais.

"Quanto mais tempo este vírus se espalhar, mais oportunidades tem de mudar. Por isso, precisamos realmente de fazer tudo o que estiver ao nosso alcance neste momento para evitar a propagação", disse.

23 mutações diferentes

Os vírus mudam regularmente e os cientistas encontraram milhares de mutações diferentes entre as amostras do vírus que causa a COVID-19. Muitas destas alterações não têm qualquer efeito sobre a facilidade com que o vírus se propaga ou a gravidade dos sintomas.

Embora a variante tenha circulado desde Setembro, só na última semana é que as autoridades sanitárias britânicas sentiram que tinham provas suficientes para declarar que ela tem maior transmissibilidade do que outros coronavírus circulantes.

Patrick Vallance, o principal conselheiro científico do governo britânico, disse que os técnicos estão preocupados com a nova variante porque contém 23 alterações diferentes, "um número invulgarmente grande de variantes", que afetam a forma como o vírus se liga e entra nas células do corpo.

Não há certeza de que esta variante tenha tido origem no Reino Unido, mas, segundo Vallance, em dezembro, ela estava a causar mais de 60% das infeções em Londres.

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