Brexit: Argentina quer debate sobre estatuto das Malvinas

Brexit: Argentina quer debate sobre  estatuto das Malvinas
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De  Isabel Marques da SilvaElena Cavallone
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Todos os países da União Europeia assinaram uma resolução das Nações Unidas para a descolonização das Malvinas, mas estiveram ao lado do Reino Unido na guerra de 1982, já que era um Estado-membro.

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As ilhas Malvinas poderão voltar à s manchetes no âmbito do acordo comercial entre o Reino Unido e a União Europeia para o pós-Brexit do qual ficaram excluídos os Territórios Ultramarinos Britânicos.

A Comissão Europeia garantiu que a União reconhece a soberania britânica nestes territórios, mas os produtos exportados para a União poderão ter de pagar taxas aduaneiras suplementares.

Uma grande preocupação para as autoridades locais já que a economia das ilhas dependende em 90% da exportação de pescado para a Europa.

“O nosso pedido é muito simples: Apenas queremos continuar a negociar num formato que nos beneficie e beneficie a União Europeia. Por exemplo, a nossa exportação de lulas é apreciada em Itália, em França e em muitos outros países habituados a desfrutar das nossas lulas de alta qualidade, pelo que queremos manter essas oportunidades de forma fluida”, disse Teslyn Barkman, deputada da Assembleia Legislativa das Malvinas, em entrevista à euuronews.

Argentina aumenta pressão diplomática

No ano passado, o presidente da Argentina, Alberto Fernández, fez um périplo pela Europa, pedindo a exclusão das ilhas do acordo do Brexit já que esse país continua a reclamar a soberania sobre elas. A diplomacia argentina espera retomar as negociações sobre esta contenda centenária.

“Queremos ter o apoio de todos os países. Apoio em que sentido? No sentido de que haja negociações bilaterais com o Reino Unido. A Argentina não pede que todos os estados-membros concordem connosco, mas que o Reino Unido aceite debater o assunto. Não deveria ser possível ao fim de188 anos que haja uma parte da Argentina usurpada por um poder colonial”, explicou Daniel Fernando Filmus, secretário para as Malvinas, Antártida e Atlântico Sul no governo argentino.

O mais recente conflito militar foi em 1982, com vitória do exército britânico sobre o contigente argentino que tentou recuperar a soberania das ilhas. 

Todos os países da União Europeia assinaram uma resolução das Nações Unidas para a descolonização das Malvinas, mas estiveram ao lado do Reino Unido nessa guerra, já que era um Estado-membro. 

Portugal entre os "apoiantes" da Argentina

Mas alguns analistas políticos, tais como Christian Ghymers, consideram que o Brexit criou novas oportunidades na relação do bloco com a Argentina: “A União Europeia terá de discutir sobre esta questão no futuro, o que não significa necessariamente que haverá uma posição comum". 

"O assunto não foi debatido durante as negociações do Brexit, embora saibamos que alguns países são favoráveis à Argentina, nomeadamente Itália, Espanha, Portugal, Suécia, Áustria e Grécia", acrescentou o analista que preside ao Instituto Interdisciplinar para as Relações entre Europa, América Latina e Caraíbas, em Bruxelas.

A Argentina preside atualmente ao Mercosul, bloco de países da América do Sul (com Brasil, Uruguai e Paraguai) com o qual a União Europeia fez um acordo comercial em vias de ser ratificado. 

As forças armadas britânicas levaram a cabo exercícios militares nas Malvinas já em janeiro, assinalando que o governo não está disposto a ceder território estrategicamente importante pela sua proximidade com a Antártica.

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