Ação do fisco levou indevidamente milhares de famílias à falência
Escândalo nas finanças públicas faz cair o governo dos Países Baixos. O fisco neerlandês terá levado milhares de pessoas à falência. Famílias indevidamente acusadas de fraude que perderam abonos e nalguns casos tiveram de devolver dinheiro recebido. O caso afetou sobretudo imigrantes e cidadãos com dupla nacionalidade.
O primeiro-ministro já entregou a demissão ao Rei Guilherme. Para Mark Rutte, "se todo o sistema falhou, a responsabilidade é de todos e tem de ser assumida".
A má gestão do fisco foi denunciada por uma comissão parlamentar e terá afectado pelo menos 26 mil famílias entre 2013 e 2019. “O Estado de Direito deve proteger os seus cidadãos de um Governo todo-poderoso. Isso falhou de forma horrível”, reconheceu o primeiro-ministro demissionário.
Rutte condiderou que o relatório da comissão que investigou este escândalo é "duro e justo". Admitiu que "pessoas inocentes foram criminalizadas, as suas vidas destruídas e que o Parlamento recebeu informações incorrectas e incompletas".
Mark Rutte está há 10 anos à frente do governo dos Países Baixos. É o terceiro executivo que lidera e vai agora ficar em gestão até às próximas eleições legislativas, marcadas para 17 de Março.
O Partido Popular para a Liberdade e Democracia, que lidera, estava até agora à frente nas sondagens.
Na sequência deste caso, o líder do Partido Trabalhista neerlandês, Lodewijk Asscher, que foi ministro dos Assuntos Sociais e do Trabalho durante o período em questão, anunciou na quinta-feira a sua demissão.