Empresários britânicos querem salvar a francesa Eurostar

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De  Francisco Marques
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A ligação de alta velocidade pelo Canal da Mancha está em "situação muito grave" e a falência poderia agravar ainda mais o impacto pós Brexit em Londres

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A Eurostar, a empresa francesa sediada em Londres que gere o comboio de alta velocidade que liga o Reino Unido à União Europeia pelo canal da Mancha, tem a subsistência ameaçada e está a causar preocupação.

Apesar de detida em maioria (55%) pelos caminhos de ferro franceses (SNCF), o eventual fim da linha no Eurotúnel está a preocupar sobretudo empresários britânicos, já afetados pelo pós Brexit nos negócios que mantêm com antigos parceiros europeus desde o início do ano.

Este domingo, o movimento "Londres Primeiro" enviou uma carta ao ministro das Finanças britânico, Rishi Sunak, a pedir "uma ação rápida para salvaguardar o futuro" do apelidado "portão verde para a Europa".

"Se se permitir que este negócio viável caia pelas brechas do apoio a nossa recuperação pode ser prejudicada.

"Londres e o Reino Unido iriam perder tanto na economia como na reputação.
(...)
"A Eurostar não pode tratamento especial. Pedimo-vos para garantir de que eles tenham o mesmo tipo de acesso a apoio financeiro que outras empresas similares.

"No mínimo, isto deve incluir taxas de alívio para empresas e aceso a empréstimos do Governo.
Londres Primeiro
Movimento de líderes empresariais do Reino Unido

Pandemia reduz passageiros

A Eurostar está ameaçada em particular pela drástica redução de passageiros provocada pelo impacto da pandemia no setor das viagens e agora também pela imposição de novos controlos de passageiros externos à União Europeia.

Em novembro, a empresa declarou uma quebra de 95% no período iniciado em março, quando a pandemia precipitou o fecho de fronteiras internas na União Europeia para se tentar controlar a propagação do SARS-CoV-2.

Normalmente, a Eurostar oferecia duas ligações por hora nos períodos de ponta. Atualmente, apenas mantém uma ligação de ida e volta por dia, entre Londres e algumas cidades europeias como Paris, Bruxelas ou Amesterdão.

Além dos funcionários existentes no continente europeu, a Eurostar emprega atualmente 1200 pessoas no Reino Unido e, de acordo com o movimento "Londres Primeiro", há mais 1500 postos de trabalho dependentes da ligação ferroviária pelo Eurotúnel.

Os empresários britânicos defendem que "manter esta ligação ferroviária de alta velocidade rumo ao coração de Londres nunca foi to importante".

"Tendo saído da União Europeia, precisamos de ter nos estabelecer ativamente como um destino atrativo para as pessoas viverem, trabalharem e se divertirem. Assegurar o futuro desta ligação ao continente deve ser um símbolo tanto do desejo de um recomeço melhor como da nossa nova relação de cooperação com os nossos vizinhos europeus", conclui a carta dos empresários para Rishi Sunak.

Do lado da empresa, o presidente executivo da SNCF admitiu na sexta-feira que a Eurostar se encontra numa "situação muito grave". Christophe Fanichet estima que a ligação por comboio de alta velocidade pelo Canal da Mancha perdeu 85% dos passageiros em 2020 e está atualmente em serviços mínimos apenas com uma viagem de ida e volta por dia.

A particularidade é que a Eurostar tem duas outras falhas: é uma empresa francesa em Inglaterra, por isso não tem acesso a ajuda britânica, mas também não ajudada pelos franceses porque está sediada em Inglaterra.
Christophe Fanichet
Presidente executivo da SNCF França

De notar que a Eurostar teve até 2015 uma participação do Governo britânico em 40%, vendida nesse ano ao setor privado, nomeadamente a um novo consórcio anglo-canadiano, por uma soma noticiada na ordem dos €850 milhões.

Atualmente, além da SNCF francesa (55%), a empresa é detida também pelo consórcio Patina Rail (40%) e pela SNCF belga (5%).

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