A poucos dias das presidenciais em Portugal, a repórter Filipa Soares foi à Universidade do Minho, em Braga, analisar com dois alunos e um professor de Ciência Política o que está em causa nestas eleições para o Governo minoritário e para os partidos da geringonça.
Afonso Cardo e Tomás Pereira estudam Ciência Política, na Universidade do Minho, na cidade portuguesa de Braga. Por estes dias, as eleições presidenciais de domingo são o principal tema de conversa.
As sondagens preveem uma vitória com grande margem do atual presidente, Marcelo Rebelo de Sousa, apoiado pelo PSD e pelo CDS. Marcelo teve também o apoio oficioso do secretário-geral do PS e primeiro-ministro António Costa à sua recandidatura. "Apoiou o presidente Marcelo, precisamente porque estando previsto que ele ia ganhar, não queria perder o momentum que perderia com uma derrota e queria manter-se dentro do favor, mais ou menos, do presidente", diz Afonso Cardo.
"Quanto maior for a dimensão da vitória do presidente Marcelo Rebelo de Sousa, quanto mais expressiva for, e se isso combinar com votações e resultados precários e frágeis dos parceiros de esquerda do Partido Socialista, digamos que mais fortalecida sairá a posição relativa do primeiro-ministro António Costa nas negociações à esquerda", afirma Tomás Pereira.
O Partido Socialista tem governado o país com um Governo minoritário, apoiado por acordos com os outros partidos de esquerda, mas perdeu o apoio do Bloco de Esquerda na votação do último Orçamento de Estado.
"Eu julgo que para o Partido Socialista interessará que, apesar de tudo, Marcelo Rebelo de Sousa não tenha uma grande votação, de forma a que não se sinta tão reforçado, porque isso poderá provocar um desequilíbrio nas relações de poder entre a presidência e o Governo", defende José Palmeira, professor de Ciência Política na Universidade do Minho.
Numa altura em que Portugal apresenta dos piores números de novos casos de Covid-19 do mundo, a crise económica e social associada à pandemia pode dificultar a missão do Governo.
"O papel do presidente da República pode ser ainda reforçado no próximo mandato, caso, por exemplo, exista uma crise política. Nos cenários de crise política em que é necessário substituir o Governo antes do final do seu mandato, antes do final da legislatura, o papel do presidente da República é fundamental, na medida em que tem que ser ele a mediar, digamos assim, a necessidade de formação de uma maioria parlamentar de apoio ao Governo", realça José Palmeira.