Financiamento pela internet dispara para sobreviver à Covid-19

Pandemia obrigou a fechar restaurantes e salas de concertos no Reino Unido
Pandemia obrigou a fechar restaurantes e salas de concertos no Reino Unido Direitos de autor AP Photo/Matt Dunham
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De  Francisco Marques com Associated Press
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Artistas, técnicos do mundo do espetáculo, salas de concertos e até restaurantes recorreram ao "crowdfunding" para tentarem aguentar-se durante a pandemia

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No Reino Unido, tal como em Portugal e noutros países da União Europeia, a recolha de financiamento anónimo pela internet, o popular "crowdfunding", disparou e tornou-se um meio de sobrevivência para músicos, técnicos do mundo do espetáculo e até para alguns restaurantes e bares. Todos privados de rendimentos durante a pandemia de Covid-19.

Só a plataforma britânica "Crowdfunder.co.uk" garante ter servido para angariar mais de 46 milhões de libras (€53 milhões) desde março do ano passado, incluindo campanhas de músicos consagrados como Nick Cave para ajudar os respetivos técnicos ou a ajuda na subsistência do restaurante The Indian Club, em Londres.

Phiroza Marker, a gerente do estabelecimento, revela ter recebido "doações desde cinco libras até duas mil libras (de €5,80 a cerca de 2300 euros)".

"Tivemos doações dos nossos clientes mais antigos e até pessoas da Austrália que nunca entraram sequer no restaurante, mas souberam do nosso pedido pela plataforma de apoio e sentiram-se tocados pelo nosso apelo. Julgo que isto mostra a bondade humana nestes tempos difíceis", destaca Phiroza Marker, do The Indian Club.

O gestor de campanhas da "Crowfunder" Max Upton conta-nos ter visto um progressivo aumento de apelos à medida que a pandemia alastrava pelo mundo.

Turismo soma prejuízos

Cerca de 13 mil campanhas foram lançadas só nesta plataforma britânica desde março do ano passado. Mais do dobro do registado nos 12 meses anteriores. Um agravamento, podemos dizer, com grande peso no setor da música ao vivo.

"Nunca tínhamos visto 266 salas de concertos a pedir ajuda num só ano. Nunca tinha acontecido. É uma loucura e mostra bem a situação em que estão. Andavam sempre a lutar à beira do precipício e a Covid-19 veio de certa forma empurra-los para o precipício", considera Max Upton.

Além do forte impacto no setor dos espetáculos, os recorrentes confinamentos impostos por toda o mundo desde há um ano tiveram um impacto profundo no turismo por toda a Europa. Hotéis, restaurantes e outros negócios dependentes do setor estão ainda a sofrer grandes prejuízos.

A vacinação é a grande esperança e maio parece ser agora o mês do início da retoma para aqueles que conseguirem lá chegar. Alguns já se viram obrigados a mudar de vida e houve até quem conseguisse manter um teto sobre a cabeça através de ajuda recebida pelo "crowdfunding".

Um caso português

O caso de um casal ajudado por duas celebridades das redes sociais, Bruno Nogueira e Nuno Markl, é um dos bons exemplos em Portugal.

Sofia e Paulo têm três filhos e foram atingidos em cheio pelo impacto negativo do confinamento quando apostavam numa mudança de vida, empenhando quase todas as poupanças num novo negócio para ela enquanto ele trabalhava e ganhava bem numa empresa de organização de eventos.

De um momento para o outro, deixaram de ter rendimento, de trabalhar e viram-se a viver, os cinco, num pequena roulotte num parque de campismo.

A reportagem de uma revista sobre este casal levou Nogueira e Markl a aproveitarem um espaço privilegiado que desenvolveram no Instagram para pedir ajuda. Conseguiram angariar quase 40 mil euros e ainda a solidariedade de uma empresa que construiu uma casa de Madeira para dar um pouco mais de conforto a esta família de empresários independentes vítima da crise provocada pela pandemia.

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