Onda de terror ameaça habitantes de Palma

Pemba, Moçambique
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De  Nara Madeira com Lusa, AFP
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Grupo estado islâmico reivindicou o controlo da vila de Palma, em Cabo Delgado, Moçambique enquanto as populações vivem um drama inimaginável.

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O grupo terrorista estado islâmico reivindicou o controlo da vila de Palma enquanto as populações fogem a uma morte quase certa. 

É cada vez mais dramática a situação que se vive na região de Cabo Delgado, em Moçambique. Os habitantes de Palma estão a fazer-se ao mar em direção a Pemba após mais uma ação terrorista que terminou com várias mortes. 

No porto de Pemba, e depois de passarem por um processo de registo para garantir que entre eles não há insurgentes, juntam-se às centenas aguardam por ajuda e pelos familiares que não conseguiram, ou não puderam escapar ou partir, ainda. Não sabem nada deles desde que partiram.

Entre eles está Merina Simão cujo marido prestava ajuda humanitária em Palma para o Programa Alimentar Mundial. A jovem lembra-se de ouvir tiros, o marido tinha ido ao mercado, falaram ao telefone mas, de repente, a chamada caiu. Não voltou a ter notícias deles.

Assumane Gani não sabe da família há cinco dias. Não sabe se estão vivos, mortos, se conseguiram escapar. Mas para onde? - Questiona-se.

Ismar Nordino também ouviu os tiros. Não pode sequer meter-se no carro. Fugiu a pé como dezenas de outras pessoas. Diz que fez fotografias dos que o acompanhavam na fuga, gente carregando "trouxas", idosos, muitos, em direção à praia onde apanharam o barco em direção a alto mar. 

Mas estas são três entre dezenas, ou mesmo centenas, de histórias que ninguém pelas quais ninguém quereria passar. Relatos de pessoas que não sabem dos filhos, dos pais, dos irmãos, dos tios, da família em geral. 

Civis apanhados no meio de uma onda de terrorismo na região moçambicana onde estão localizadas as reservas de gás natural exploradas pelos franceses da Total. Uma guerra que dura há três anos e meio mas que nos últimos dias se intensificou.

Há quem conte que conseguiu fugir com outras pessoas para o mato, que foram as forças de segurança moçambicanas que os conduziram para uma zona segura. 

No terreno os militares tentam fazer recuar os "jihadistas" mas as perdas são pesadas como explicava, em conferência de imprensa, o port-voz do ministério da Defesa garantindo que estão a fazer o possível para resgatar cidadãos moçambicanos e estrangeiros e a tentar evitar a destruição das infraestruturas locais. 

"As autoridades de Moçambique devem tomar medidas urgentes para proteger os civis que fogem de um grupo islâmico armado na cidade de Palma"
Human Rights Watch
Organização não-governamental

Mas há quem critique a ação do governo. Zenaida Machado, a representante da **Human Rights Watch **no país afirma que “As pessoas deveriam sentir que estão num país que tem um governo que respeita os Direitos Humanos, que está comprometido com as suas obrigações de acordo com a constituição nacional e também com o direito internacional. Portanto, quando ataques como este acontecem, é importante que haja segurança e que essa segurança seja fornecida pelo estado", conclui a ativista.

Vários países já ofereceram apoio militar a Maputo mas, para já, ainda não se passou das palavras ao atos mas diz-se que no terreno estarão empresas de segurança e mercenários a ajudar na luta contra os extremistas.

Analistas do Instituto de Estudos de Segurança, da África do Sul, dizem que a União Africana devia intervir no conflito e explicam que "apesar dos desafios colocados pelo princípio da subsidariedade, as mãos da UA não estão completamente amarradas, há vários utensílios e enquadramentos, e ao longo dos anos foram estabelecidos mecanismos elaborados para lidar com graves ameaças à paz e segurança no continente", escrevem os analistas num relatório sobre a grave situação no país.

Uma onda de terror que está a provocar uma grave crise humanitária, fez já quase 700 mil deslocados, e mais de duas mil mortes.

Editor de vídeo • Nara Madeira

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