Quirguistão e Tajiquistão acordam cessar-fogo em conflito sangrento

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De  Francisco Marques
Quirguistão e Tajiquistão acordam cessar-fogo em conflito sangrento
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Quirguistão e Tajiquistão acordaram um cessar-fogo na fronteira entre ambas as antigas repúblicas soviéticas após intensos combates registados nos últimos dias, próximo do enclave tajique de Voroukh, reclamado pelo governo quirguiz.

O cessar-fogo foi acordado entre os dois chefes das respetivas comissões de segurança nacional numa reunião realizada logo na quinta-feira à noite e ambos os lados comprometeram-se a retirar as tropas da zona de conflito após os combates terem provocado cerca de quatro dezenas de mortes entre civis e ter deixado mais de 170 pessoas feridas.

Do lado tajique, o responsável pela segurança nacional confirmou ter chegado "a um princípio de acordo para resolver o conflito e repor a paz e a estabilidade no Quirguistão e no Tajiquistão". "Estou certo de que podemos conseguir isto", afirmou Saimumin Yatimov.

Do lado do Quirguistão, o homólogo também mostrou "esperança no regresso silêncio e da paz a ambos os países, em especial, às regiões na fronteira", acrescentou.

"Esperemos que as decisões acordados, que inscrevemos no protocolo, sejam executadas", desejou Kamchybek Tashiev.

O Presidente do Quirguistão declarou, entretanto, dois dias de luto nacional, a cumprir este fim de semana, pelas vítimas do conflito militar de 29 e 30 de abril na fronteira com o Tajiquistão, na região de Batken, cerca de 30 km a norte de Voroukh.

Sadyr Japarov anunciou ainda ir tomar a medidas necessárias para prestar assistência às famílias das vítimas.

O conflito entre estes dois vizinhos da extinta União Soviética, separados por uma fronteira terrestre com mais de 900km e que partilham vizinhança também com a China, já tem décadas, mas este recente atrito veio interromper as tréguas que estavam em vigor.

A situação estalou na quarta-feira entre residentes, junto ao depósito de água de Golovnoy. No dia seguinte, as forças armadas de ambos os lados intervieram e o conflito agravou-se, com acusações de parte a parte de violação militar das tréguas.

Diversos edifícios, incluindo uma escola, foram destruídos nos combates e, além das vítimas reportadas apenas pelo lado quirguiz, mais de 25 mil pessoas tiveram de ser deslocadas.