Um dia após uma operação policial na favela do Jacarezinho, no Rio de Janeiro, ter gerado 25 mortos, os moradores saíram em protesto contra as intervenções violentas das forças de segurança na comunidade
"Justiça, sim! Chacina, não!". As palavras de ordem que, esta sexta-feira, ecoaram do Jacarezinho, foram gritos de contestação dos moradores a mostrar que a indignação não esmorece.
Nesta favela do Rio de Janeiro, os protestos são dirigidos às autoridades brasileiras, um dia depois de uma operação policial na comunidade ter resultado na morte de 25 pessoas.
"Não tem nenhuma justificativa do Estado brasileiro permitir ser conivente com uma chacina promovida pela polícia civil do estado de Rio de Janeiro", afirma um dos residentes a participar na manifestação.
A Polícia Civil, que perdeu um agente no decurso da operação, diz ter agido no âmbito de uma investigação contra uma rede de tráfico de droga; nega ter havido ajustes de contas, ou execuções, e condena o que diz ser o "ativismo judicial" das organizações de direitos humanos.
Esta quinta-feira, a organização não-governamental Human Rights Watch (HRW) pediu ao Ministério Público brasileiro para iniciar "imediatamente uma investigação minuciosa e independente" à operação policial no Jacarezinho.
Também o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos denunciou alegadas tentativas das forças de segurança de impedirem uma investigação independente à ação da polícia, que, de acordo com o porta-voz da agência, Rupert Colville, "confirma uma longa tendência do uso desnecessário e desproporcional da força nas favelas".