A Organização Mundial da Saúde diz que mais de 1 milhão de pessoas precisam de ajuda médica urgente em Cabo Delgado
Os campos de deslocados na província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, acolhem milhares de pessoas. Estão sobrelotados e em risco de uma catástrofe de saúde pública. O “25 de Junho” no distrito de Metuge é o maior campo de deslocados da região. Ali vivem cerca de trinta mil moçambicanos.
Os meses passam e a situação é cada mais insustentável. Alberto Almeida, sobrevivente de um dos ataques na aldeia de Bilibiza, conta que ficou muito assustado e que as irmãs e os sobrinhos foram capturados e ainda estão na floresta. Sifa Leonardo também conseguiu escapar ao mesmo ataque. Diz que no campo “não há nada e que as pessoas apenas sobrevivem”. Sifa pede mais ajuda e garante que as pessoas vão ficar sem comida se “continuarem a receber apenas um saco de arroz, que vendem para conseguir dinheiro”.
OMS Pede Ajuda Urgente
A Organização Mundial de Saúde lembra que os ataques de grupos armados "aprofundaram a crise humanitária" em Moçambique e deixa um alerta: mais de 1 milhão de pessoas precisam "urgentemente" de ajuda médica em Cabo Delgado.
Esta sexta-feira, a diretora regional para África da OMS disse que "a situação de milhares de famílias está a piorar e que muitas das pessoas afetadas pela violência dependem da ajuda humanitária para sobreviver”. Para Matshidiso Moeti, “é preciso intensificar rapidamente a assistência para salvar vidas e aliviar o sofrimento".
De acordo com a organização, a violência e a insegurança danificaram ou forçaram ao encerramento de quase um terço das 132 instalações de saúde da província. A medida "privou as comunidades de serviços básicos de saúde e criou necessidades sanitárias de emergência" para o tratamento do HIV, malária e tuberculose, bem como vacinação entre as pessoas deslocadas internamente e as comunidades de acolhimento.
A prevenção da cólera, a resposta à covid-19 e a prestação de serviços de saúde mental e psicossocial são também "extremamente necessárias", segundo a OMS, que apelou para um maior apoio dos doadores que permita "fornecer estes serviços de saúde essenciais".