França estuda obrigação de vacinar profissionais de saúde

França, o primeiro país europeu a registar um caso de covid-19, corre contra o tempo e contra o ceticismo para evitar uma quarta vaga de Covid-19 pelas camas dos hospitais e dos lares do país.
A vacinação acelerou em França a partir do momento em que o plano foi aberto em meados de maio a todas as pessoas adultas que desejassem ser imunizadas em França e em meados de junho para os adolescentes entre os 12 e os 17 anos, mas há ainda quem se recuse. Nomeadamente profissionais de saúde.
A Federação Hospitalar de França sublinha que "apenas 57% dos profissionais de lares e 64% do pessoal dos estabelecimentos de saúde receberam pelo menos uma dose de vacina", numa estimativa partilhada nas redes sociais pelo presidente daquela união.
Para evitar o contágio a partir de quem deveria tratar os doentes, o governo liderado por Jean Castex estará a preparar um projeto-lei para obrigar todos os profissionais de saúde de hospitais e de lares a serem vacinados a partir de setembro.
As opiniões dos especialistas gauleses ainda se dividem, mas a estratégia do governo começa a ganhar apoios no setor, pelo receio de que a epidemia possa voltar a saturar as unidades de saúde.
Uma consulta sobre o tema deverá ser realizada em breve aos governos locais e aos grupos parlamentares, admitiu o primeiro-ministro, na quarta-feira, dia em que Castex disse no Senado sentir-se "chocado, como todos os franceses, quando se vê a epidemia reintroduzida através daqueles cuja vocação é a de proteger e cuidar".
"Isto não é aceitável", reforçou o primeiro-ministro, citado pela agência France Press.
O porta-voz do Governo, entretanto, expressou a convicção do executivo de que já existe uma solução no terreno para travar a Covid-19: as vacinas anticovid.
Numa carta endereçada aos diretores de hospitais e lares, o ministro da Saúde de França, Olivier Véran, e a ministra da Autonomia, Brigitte Bourguignon, avisaram: "[se] pelo menos 80% do pessoal não estiver vacinado até setembro, abriremos caminho a uma obrigação de vacinação para os profissionais de saúde".
A confirmar-se a obrigatoriedade, a vacina anticovid junta-se às da difteria, do tétano, da poliomielite e da hepatite B, na lista das já obrigatórias para o setor da Saúde gaulês.
De acordo com os dados oficiais, mais de 34 milhões de pessoas (50,6% da população total) já receberam pelo menos uma dose de vacina anticovid e 23,3 milhões (34%) já têm a vacinação completa.