Passageiros colocam em causa verdadeira utilidade de documento
Entrou hoje oficialmente em vigor o Certificado Digital COVID da União Europeia (UE).
Na noite de quarta-feira, 26 de 27 Estados-membros da UE estavam conectados à rede do sistema e, de acordo com a Comissão Europeia, emitiram-se 200 milhões de certificados.
A Euronews esteve no aeroporto de Bruxelas Zaventem para acompanhar o desenvolvimento de um dos dias mais atribulados desde o início da crise pandémica.
Da indústria da aviação chega o alerta de que o certificado está longe de funcionar.
"É uma solução muito aguardada, mas infelizmente ainda não chegamos lá porque não podemos usar o certificado ao máximo. Se hoje scanearmos o código QR que vem com o certificado, só conseguiremos ver se o código está válido ou inválido. Infelizmente, mesmo dentro da Europa, cada país ainda tem as suas próprias restrições, o que significa que mesmo os passageiros totalmente vacinados ainda devem apresentar um teste PCR negativo ao viajarem para alguns países. Isso quer dizer que se nós apenas soubermos se o código é válido em vez de conhecermos a razão subjacente, os dados do passageiro são insuficientes para usar", sublinhou, em entrevista à Euronews, Maaike Andries, porta-voz da companhia aérea Brussels Airlines.
Ao aeroporto de Bruxelas chegaram quase 20 mil passageiros. Grande parte parecia entusiasmada por poder voltar a viajar.
Evrin, que investiu numa viagem para ver a família depois de uma ausência prolongada, disse confiar mais num teste PCR e questionou a utilidade do certificado.
De partida para a Grécia, Glen, outro passageiro, lembrou a morosidade associada a todas as formalidades no aeroporto.
Um dos principais problemas continua a ser a fragmentação das políticas de viagens entre os países da UE.
O comissário com a pasta da Justiça, Didier Reynders, assegurou que o certificado pode resolver esse problema: “Normalmente, com base no regulamento, com o certificado é suficiente, exceto se houver algumas evoluções negativas relacionadas a algumas variantes de preocupação como a Delta, que temos neste momento em alguns lugares”.
Em teoria, o certificado elimina a necessidade de um teste complementar ou de quarentena à chegada a outro país. No entanto, ainda é possível para um Estado-membro introduzir restrições se a situação sanitária do país ou da região de onde o viajante veio se estiver a agravar.