Migrantes "sem papéis" em greve de fome em Bruxelas voltam a comer

Migrantes "sem papéis" em greve de fome em Bruxelas voltam a comer
Direitos de autor FRANCOIS WALSCHAERTS/AFP
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Centenas de pessoas estiveram em protesto durante 60 dias para exigir um estatuto legal na Bélgica

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Ao fim de dois meses de estômago vazio, centenas de migrantes "sem papéis" em greve de fome em Bruxelas voltaram a comer.

Depois de ocuparem a Igreja de São João Baptista, no centro da capital belga, suspenderam o protesto, iniciado a 23 de maio, em nome da legalização dos respetivos estatutos no país.

Desconhecem-se, para já, os detalhes do acordo alcançado com o executivo belga, mas os grevistas entendem que serão concedidos pedidos de asilo por motivos humanitários.

"Esses elementos dão aos grevistas a possibilidade de ter uma integração ancorada e duradoura, e também de reunificação com as famílias. Existem elementos que lhes permitem uma regularização", sublinhou, em entrevista à Euronews, Mohamed Ahmed, porta-voz dos grevistas.

Muitos dos homens em greve de fome viveram e trabalharam na Bélgica durante décadas. Temem ser deportados se passarem, individualmente, pelo processo de pedido de asilo.

Cerca de 200 grevistas têm também ocupado as instalações de duas universidades em Bruxelas.

O governo de coligação quase caiu por causa deste caso, com os "Verdes" e os socialistas a ameaçarem sair se a situação não fosse resolvida.

O secretário de Estado belga para o Asilo e Migração, Sammy Mahdi, disse que se estabeleceu uma espécie de "zona neutra" para que o dossier de cada grevista possa ser analisado: "Não se trata de ganhar ou perder. Fico feliz que tenham parado a greve porque também vai melhorar a situação dessas pessoas, porque a saúde dessas pessoas era o que mais me preocupava. Espero que agora isso também esteja em ordem."

Apesar muitos grevistas estarem exaustos, ainda não está afastada a hipótese de o protesto ter terminado por completo.

As preces em nome de uma suspensão parecem ter sido ouvidas, mas em todo o caso os grevistas continuarão na igreja, pelo menos até estarem seguros de que os pedidos são atendidos.

"Ficaremos aqui até os dossiers serem devidamente processados e até todos terem uma resposta aceitável em relação ao respetivo dossier", referiu Mohamed Ahmed.

Uma batalha parece estar sob controlo, pelo menos para já. Os grevistas só baixam a guarda quando todos tiverem autorização de trabalho e residência. Uma ambição que perseguem há muito tempo.

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