Investigação denuncia tortura "metódica e sistémica" em Myanmar

Investigação denuncia tortura "metódica e sistémica" em Myanmar
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Desde que assumiram o governo de Myanmar, em fevereiro, os militares têm levado a cabo torturas, raptos e assassinatos em todo o país, revela investigação jornalística.

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Os militares em Myanmar têm torturado prisioneiros detidos em todo o país, desde que assumiram o governo, em fevereiro, de acordo com uma investigação da agência de notícias Associated Press. Além da tortura "metódica e sistémica", é ainda denunciado o rapto de milhares de pessoas, o uso de cadáveres como instrumentos de terror e o ataque deliberado a médicos durante a pandemia.

Nathan Maung é jornalista e foi detido a 09 de março nas instalações do jornal Kamayut Media, juntamente com o seu cofundador, Hanthar Nyein. 

Ainda hoje, já em liberdade e prestes a ser deportado para os Estados Unidos da América, de onde é originário, diz-se perseguido pelas memórias da brutalidade do regime.

"Sempre que respondia e um não gostava, os que estavam à minha esquerda batiam-me na cara e na cabeça. O centro de interrogatório é um inferno. Todos os dias, a cada minuto, nunca se sabe, ninguém pode ter a certeza do que é que lhe vai acontecer", conta.

Através de depoimentos de prisioneiros, os investigadores conseguiram identificar por imagem de satélite diversos centros de interrogatório e prisões ainda a ser usados.

Centros comunitários e o Palácio Real foram transformados em espaços para interrogar detidos, mas a maior parte da tortura é levada a cabo em complexos militares.

Matthew Smith, diretor-executivo da associação humanitária Fortify Rights denuncia que "a tortura está a ocorrer a nível nacional, tanto pela polícia, como pelos militares. Está a acontecer nas cidades, está a acontecer nas aldeias, está a acontecer nas planícies centrais, nas terras altas étnicas, em vários locais. Todos estes factos indicam-nos a natureza generalizada e, de certa forma, sistemática da tortura que está a ocorrer no país neste momento".

Desde fevereiro, estima-se que as forças de segurança tenham já assassinado acima de 1.200 pessoas, mais de uma centena terão sido torturadas até à morte.

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