Vários russos dizem lamentar a queda de uma potência mundial.
Vladimir Krylov tinha apenas um ano de idade quando a União Soviética colapsou. Ao longo do seu trajeto como estudante, foi-se interessando pela ideologia comunista. Um dia, decidiu aderir ao partido. Para Vladimir, o fim da URSS não faz sentido.
"Era um Estado estável e funcional. Era um enorme país que tinha um enorme potencial e grandes recursos. Foi uma perda muito grande", diz-nos.
Vladimir está longe de ser um caso único. Nas ruas de Moscovo, encontrámos uma mulher que nos dizia: "Toda a minha infância foi durante a União Soviética. As minhas memórias dão-me nostalgia, a minha infância...". Outra apontava que "é claro que era melhor na União Soviética".
Há números que vão no mesmo sentido: uma sondagem recente do Centro Levada revela que a maioria dos russos - 63% - lamenta o desfecho da era soviética.
Segundo Lev Gudkov, diretor científico do Centro Levada, "não se trata apenas de uma idealização do passado. As pessoas esqueceram o défice, a pobreza, a repressão, e por aí fora. Isto é uma expressão de descontentamento com a situação atual".
Vários analistas atribuem esta nostalgia à ideia de perda da pertença a uma grande potência mundial e a um sistema económico unificado.
"Toda a política atual do país destina-se a glorificar o passado, o passado da União Soviética, no qual éramos fortes, poderosos, estávamos em pé de igualdade com outras grandes potências, podíamos ditar a nossa posição. Esta é a mensagem transmitida nos meios de comunicação social dominantes", salienta o copresidente do grupo Moscovo-Helsínquia, Vyacheslav Bakhmin.
A jornalista Galina Polonskaya realça que, "em muitas das antigas repúblicas soviéticas, tem havido um afastamento radical do modelo soviético, sendo mesmo proibido ostentar símbolos desse período. Na Rússia, não é assim. Aqui, as autoridades afirmam que a era soviética é uma parte da História que não deve ser apagada".