Covid-19 e descrença nos partidos estão entre as causas referidas pelos portugueses que pretendem não ir votar este domingo.
Este domingo, os portugueses elegem os 230 deputados para a Assembleia da República. Mas, de acordo com as últimas sondagens, é quase certa a vitória não de um partido político, mas da abstenção. A covid-19 é a justificação dada por muitos eleitores que vão ficar em casa, mas não é a única.
"Não vou votar, porque com existe a pandemia, muitos problemas de saúde. Além disso, todos os partidos prometem muitas coisas, mas para prometer têm de ter dinheiro e Portugal está com uma dívida muito grande. Vai ser complicado para qualquer um cumprir o que está a prometer", revela um eleitor.
Há um ano, Marcelo Rebelo de Sousa venceu as eleições presidenciais, num dia em que se registou uma abstenção de 60,7%.
Os jovens são os que menos têm votado, por isso os mais velhos, mesmo desiludidos com a política, querem dar o exemplo.
Em Lisboa, uma eleitora garante à Euronews que "jamais deixaria de votar, porque é um dever". No entanto, o futuro deixa margem para poucas ilusões. "Já não acredito, qualquer que seja o partido político que ganhe, pouco ou nada poderão fazer", afirma.
Mais ou menos crentes em resultados, muitos eleitores recordam a herança de abril e a importância da participação em democracia. É o caso de outra eleitora, que, quando abordada, diz que "votar é um dever mas é, acima de tudo, um direito e alguém já lutou muito por esse direito. Faz todo o sentido ir votar e também quero passar uma mensagem às minhas filhas: é necessário votar".
Nas primeiras eleições livres em Portugal após o fim da ditadura, em 1975, a taxa de abstenção foi de 8,5%. Nas últimas eleições legislativas, em 2019, registou-se uma taxa de abstenção de 51,4%. Os números, bastante negativos, podem ainda agravar-se, estas eleições, no atual cenário de pandemia.