Putin e Macron encontram pontos de convergência

Putin e Macron encontram pontos de convergência
Direitos de autor  -/AFP or Licensors
De  Ricardo Figueira  & Galina Polonskaya

O presidente francês foi a Moscovo no papel de apaziguador no conflito diplomático entre a Rússia e a NATO em torno da questão ucraniana.

Na crise que opõe a Rússia às potências ocidentais, num fundo de ameaça de guerra no leste da Ucrânia, França quer ter uma palavra a dizer e ter um papel de apaziguador. 

Foi com esse intuito que o presidente francês Emmanuel Macron foi a Moscovo falar com Vladimir Putin. O presidente russo mantém a versão de que a Rússia não tem intenções de invadir o país vizinho e é a NATO quem continua a ameaçar a Rússia ao não descartar uma expansão a leste. Os dois chefes de Estado estiveram reunidos durante cinco horas.

"É preciso construir em conjunto, e de acordo com os nossos princípios, garantias de segurança concretas para os membros da União Europeia, para os países da região - Ucrânia, Geórgia, Bielorrússia - e para a Rússia. É essa a ambição que devemos perseguir. Tivemos uma discussão da qual saíram várias propostas nas quais existem pontos de convergência entre a Rússia e França", disse o presidente francês.

Tivemos uma discussão da qual saíram várias propostas nas quais existem pontos de convergência entre a Rússia e França.
Emmanuel Macron
Presidente de França

Vladimir Putin disse: "Quero agradecer ao presidente Macron os esforços que França está a levar a cabo para resolver a questão espinhosa das nossas relações com a NATO, que tem a ver com garantir a segurança e criar um ambiente de estabilidade e confiança na Europa, e com certeza com a procura de uma solução para a crise no sudeste da Ucrânia".

Quero agradecer ao presidente Macron os esforços que França está a levar a cabo para resolver a questão espinhosa das nossas relações com a NATO.
Vladimir Putin
Presidente da Rússia

Putin nega que esteja a preparar uma invasão, mas a verdade é que a escalada militar junto à fronteira com a Ucrânia continua. Na região fronteiriça acumulam-se já cerca de cem mil militares russos.

Próximos passos

Galina Polonskaya, repórter da euronews, analisa o que se segue:

"Depois de longas conversações com o presidente da Rússia, a próxima paragem de Emmanuel Macron é Kiev, onde vai discutir as ideias de desescalada com o presidente ucraniano. Na conferência de imprensa que se seguiu a este encontro em Moscovo, Macron falou de garantias concretas de segurança para todos, mas não detalhou que garantias seriam essas e sublinhou que não pode haver segurança para os europeus se não houver segurança para a Rússia.

Vladimir Putin disse que algumas das ideias e propostas de Macron poderiam tornar-se bases para os próximos passos e repetiu que as principais preocupações de segurança da Rússia estavam a ser ignoradas. Criticou ainda fortemente a Ucrânia e a NATO.

Emmanuel Macron planeia também encontrar-se com o chanceler alemão Olaf Scholz, que regressa de Washington, onde se encontrou com o presidente norte-americano. Na conferência de imprensa conjunta, Joe Biden disse que não sabia se Vladimir Putin tinha alguma ideia sobre o que iria fazer a seguir.

Uma coisa parece clara para todos: O diálogo com a Rússia continua. Os presidentes Putin e Macron combinaram voltar a falar ao telefone e Olaf Scholz planeia visitar Moscovo na próxima semana".

Notícias relacionadas