Presidente da Comissão Europeia fala num pacote "robusto" pronto a ser ativado em caso de avanço da agressão contra a Ucrânia
Entre a via da diplomacia e das sanções, a Europa prepara-se para uma eventual invasão russa da Ucrânia. Em entrevista à Euronews, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, levantou o véu sobre respostas possíveis do bloco europeu em caso de ofensiva.
Efi Koutsokosta, Euronews - Não vemos sinais de um alívio das tensões, pelo contrário. EUA e **Rússia **continuam a reforçar tropas de ambos os lados. Considera que a diplomacia falhou e que a Europa caminha para uma guerra real?
Ursula von der Leyen, Presidente da Comissão Europeia - Nunca devemos desistir de trabalhar na diplomacia porque, como a Rússia criou esta crise, fazemos tudo para que a diplomacia e o diálogo sejam bem-sucedidos. Mas também queremos deixar claro que, caso haja uma agressão militar da Rússia contra a Ucrânia, isso terá consequências graves e custos enormes para a Rússia. Preparámos um pacote de sanções muito robusto e abrangente.
Efi Koutsokosta, Euronews - Pode clarificar que pacote de sanções é esse?
Ursula von der Leyen, Presidente da Comissão Europeia - Limitaria o acesso da Rússia aos mercados financeiros da União Europeia. Limitaria o acesso a bens e tecnologias cruciais de que necessita e que não podem ser facilmente fornecidos e substituídos. Por isso, deve ser do interesse da Rússia diminuir a tensão.
Efi Koutsokosta, Euronews - A Europa pode realmente dar-se ao luxo de impor sanções que poderiam colocar o abastecimento energético em risco?
Ursula von der Leyen, Presidente da Comissão Europeia - Na verdade, seria uma situação grave, mas fizemos o nosso trabalho e estamos intensamente envolvidos na prevenção e preparação de tal situação. Criei uma parceria de segurança energética com o presidente dos EUA, Joe Biden. Na semana que vem haverá uma cimeira sobre esta segurança energética. Falámos com muitos fornecedores de gás natural liquefeito em todo o mundo que estão muito interessados em preencher a lacuna que a Rússia deixaria.
Efi Koutsokosta, Euronews - Em em relação à União Europeia no conjunto. Vemos os Estados-membros a tomarem a sua própria iniciativa. Por exemplo, o primeiro-ministro húngaro visitou Moscovo e o presidente russo Vladimir Putin e ele descreveu publicamente as exigências russas como razoáveis e as sanções como inúteis. Então, qual é a influência que a União Europeia como bloco tem nesta fase, nesta crise global?
Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia - Há unidade e alinhamento muito forte dentro da União Europeia e no que diz respeito à Hungria até agora eles sempre apoiaram as sanções contra a Rússia e anunciaram que manteriam a unidade com o bloco se for necessário agir.