Resolução contou com 637 votos a favor, 13 contra e 26 abstenções. Eurodeputados condenam a agressão militar “não provocada e injustificada” da Rússia
**As cores da Ucrânia entraram hoje no Parlamento Europeu, em Bruxelas, num dia repleto de simbolismo. ****Literalmente debaixo de fogo, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, pediu, de forma emotiva aos eurodeputados para aceitarem a Ucrânia na família europeia.**
Zelenskyy dirigiu-se ao hemiciclo por videoconferência, numa altura em que a ofensiva russa prossegue no terreno, provocando danos adicionais.
"Conseguem imaginar: dois mísseis de cruzeiro atingiram a liberdade ao quadrado de dezenas de vítimas. Este é o preço da liberdade", alertou o presidente da Ucrânia, durante o discurso improvisado, que recebeu uma ovação geral.
Zelenskyy acrescentou: "provámos a nossa força. Provem que estão do nosso lado. (...) Então a vida vencerá a morte e a luz triunfará sobre as trevas".
Os eurodeputados adotaram, esta terça-feira, uma resolução, não-vinculativa, sobre a agressão russa, a pedir a Moscovo o fim das hostilidades.
À União Europeia pedem mais ajuda humanitária e que se garanta o estatuto de país candidato à Ucrânia.
"Penso que há momentos em que é preciso ter a coragem de dar grandes passos à frente, e se olharmos para os alargamentos anteriores, houve sempre uma decisão política que tinha a ver com segurança, com liberdade", lembrou, em entrevista à Euronews, a eurodeputada holandesa Sophie in 't Veld, do grupo Renovar a Europa.
A resolução apela ainda a um aumento das armas de defesa destinadas à Ucrânia.
Mas alguns eurodeputados têm reservas.
"Isso pode gerar uma nova escalada da guerra, [fazer com que] que se torne um conflito internacional e que poderia degenerar imediatamente numa guerra de grande escala ou numa das maiores guerras na Europa envolvendo outros países", referiu o eurodeputado alemão Martin Schirdewan, do grupo da Esquerda no Parlamento Europeu.
A resolução contou com 637 votos a favor, 13 contra e 26 abstenções. Os eurodeputados portugueses Sandra Pereira e João Pimenta Lopes, do grupo da Esquerda no Parlamento Europeu, votaram contra.
Fora do Parlamento, houve um protesto, para pressionar a classe política a fazer mais, e ergueram-se bandeiras da Ucrânia. Um país que é bem-vindo, mas que em termos práticos precisa de superar várias provas para fazer parte da família europeia.