Guerra na Ucrânia, dia 7: Assembleia Geral da ONU aprova condenação à invasão russa

Kharkiv sob fogo cerrado
Kharkiv sob fogo cerrado Direitos de autor SERGEY KOZLOV/EPA
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Cidades de Kharkiv e Mariupol estão sob ataque cerrado mas continuam nas mãos da Ucrânia

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(em atualização)

A Assembleia Geral da ONU aprovou por esmagadora maioria uma resolução que condena a invasão da Ucrânia por parte da Rússia e apela à retirada das tropas russas do território ucraniano. A resolução não é vinculativa, no entanto espelha bem o crescente isolamento de Moscovo a nível internacional.

A resolução, assinada por 94 estados-membros, "deplora nos mais fortes termos a agressão da Federação Russa contra a Ucrânia", pedindo aos russos que "cessem imediatamente o uso de força" e "retirem imediatamente, completamente e incondicionalmente todas as suas forças militares" do território ucraniano.

Foi aprovada com os votos favoráveis de 141 estados-membros, tendo-se registado ainda 35 abstenções e cinco votos contra (Rússia, Bielorrússia, Coreia do Norte, Eritreia e Síria).

A rara sessão de emergência da ONU (primeira desde 1997 e apenas a 11.ª na história da organização) deveu-se ao chumbo de uma resolução semelhante no Conselho de Segurança, na sexta-feira passada. A Rússia, sendo um dos cinco países com direito de veto, bloqueou a resolução provocando uma situação de impasse no Conselho de Segurança.

Antes da votação, o embaixador da Ucrânia na ONU, Sergiy Kyslytsya, acusou a Rússia de querer negar o direito de existir à Ucrânia. Já o seu homólogo russo, Vassily Nebenzia, justificou-se dizendo que o seu país estava apenas a tentar terminar o conflito separatista em curso na região.

Moscovo admite 498 mortes, Kiev garante que são seis mil

O ataque da Rússia já matou mais de dois mil civis na Ucrânia. O número foi avançado pelo serviço de urgências ucraniano, que avisou no entanto tratar-se de uma estimativa, uma vez que não sabiam ainda quantas pessoas se encontram ainda soterradas pelos escombros. O serviço de urgências revelou que nos sete dias de invasão russa, tinham sido destruídas centenas de infraestruturas de transportes, jardins-de-infância, hospitais e edifícios residenciais no país.

O comunicado refere ainda que conseguiram salvar a vida a 150 pessoas e que neutralizaram mais de quatro centenas de engenhos explosivos.

O número de vítimas desta guerra não pára de crescer e se do lado ucraniano, ainda se vão conhecendo os números de vítimas, do lado russo o segredo é absoluto. De acordo com o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, Vladimir Putin é informado das perdas no exército russo mas o Kremlin não pode avançar o número, uma vez que só o Ministério da Defesa o pode fazer.

Já o Ministério da Defesa, que até agora se tinha remetido ao silêncio, avançou esta quarta-feira pela primeira vez com um número de baixas nas Forças Armadas russas. O comunicado refere que a ofensiva militar custou até ao momento a vida a 498 soldados russos, número que está bem distante dos seis mil anunciados por Volodymyr Zelenskyy. O Presidente da Ucrânia divulgou um vídeo onde afirma que os primeiros seis dias de guerra tinha provocado a morte de seis mil soldados das forças invasoras.

Rússia controla central nuclear de Zaporizhzhia

A central nuclear de Zaporizhzhia caiu nas mãos dos russos. A informação foi confirmada pelo diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atómica, Rafael Grossi, que referiu ter recebido uma comunicação da missão permanente da Rússia na organização em que os russos diziam controlar o território onde se encontrava a central nuclear.

O organismo sediado em Viena garantiu ainda que os russos se comprometiam a "trabalhar para assegurar segurança nuclear e monitorizar a radiação como habitual", acrescentando ainda que "os níveis de radiação permaneciam normais".

A central de Zaporizhzhia é a maior da Ucrânia e é aí que se encontram seis dos 15 reatores nucleares existentes no país. A Agência Internacional de Energia Atómica sublinha que irá continuar a monitorizar a situação de perto.

Principais cidades sob fogo cerrado

Ao sétimo dia de ofensiva militar, as principais cidades da Ucrânia continuam a resistir às forças russas. Kharkiv, a segunda maior cidade da Ucrânia, foi intensamente bombardeada durante a noite. De acordo com as autoridades ucranianas, na madrugada de quarta-feira alguns pontos da cidade foram atingidos por mísseis russos, nomeadamente a sede do departamento de polícia e a universidade.

A Ucrânia revelou ainda que na calada da noite aterraram na cidade vários paraquedistas russos que atacaram em seguida uma unidade hospitalar.

O nascer do dia em Kharkiv não trouxe tranquilidade e de acordo com as autoridades ucranianas, continuaram os ataques russos ao centro da cidade. O serviço de urgências ucraniano adianta que a sede da autarquia local e vários dos edifícios mais altos da cidade foram danificados por ataques russos já na manhã de quarta-feira.

Para Volodymyr Zelenskyy, os ataques das forças russas são de terrorismo de Estado:

Não sabem nada sobre a nossa capital ou a nossa história mas têm ordens para apagar a nossa história. Apagar o nosso país. Apagar-nos a todos
Volodymyr Zelenskyy
Presidente da Ucrânia

O Presidente ucraniano criticou ainda duramente o bombardeamento do memorial de Babi Yar, que homenageia as vítimas do Holocausto em Kiev, e que se situa junto à torre da televisão local, destruída na terça-feira.

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As principais cidades do país continuam nas mãos da Ucrânia, mas os russos não desarmam. O Kremlin anunciou que as Forças Armadas russas tinham tomado o controlo da cidade de Kherson, no sul do país, mas o autarca local não demorou a contradizer as informações avançadas pelos russos, esclarecendo que as forças invasoras apenas controlavam a estação ferroviária e o porto fluvial.

Na cidade portuária de Mariupol, no sul do país, a ofensiva russa não dá tréguas aos resistentes e dura há 12 horas. O presidente da Câmara local, Vadym Boichenko, em entrevista à televisão ucraniana, acusou as forças russas de não permitirem a saída de civis da cidade e referiu que os bombardeamentos eram tão intensos que já nem conseguiam retirar os feridos das ruas.

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