Campo de refugiados ucranianos no norte da Grécia preparou uma celebração especial da Ressurreição de Cristo para dar às crianças alguma alegria e esperança
A Páscoa Ortodoxa celebra-se apenas no próximo domingo, uma semana depois da celebração católica, mas este ano para os ucranianos será uma data especial e muito difícil.
Alguns milhões tiveram de fugir da guerra e vão assinalar a Ressurreição de Cristo longe de casa, mas nem assim a deixam de celebrar.
Seja em Portugal, na vizinha Polónia ou mesmo na Grécia, onde a igreja ortodoxa também é dominante e o dia de Páscoa até coincide com o ucraniano.
No campo de refugiados de Serres, no norte do país, Tatiana Babaru e Krystina Scheglova organizaram uma celebração pascal especial para animar as crianças que ali estão protegidas da guerra.
Diante do microfone da Euronews, Tatiana não esconde as emoções.
"Na Páscoa, fazemos diversas delicias. Tudo coisas boas. A Páscoa é sobre ressurreição e por isso decidimos manter a tradição", diz entre sorrisos, em ucraniano, para logo mudar para grego e, sem conter as lágrimas, explicar: "Fizemos os tradicionais pãezinhos e pintámos ovos com flores e árvores. Simbolizam a longevidade e o amor pela natureza, o homem e a nossa família."
Os refugiados ucranianos acolhidos no campo de Serres recordam a terra natal através das canções tradicionais enquanto as crianças se divertem a decorar os ovos da Páscoa.
"Tentamos que as crianças se sintam em casa. Fizemos pãezinhos da Páscoa como na Ucrânia porque os nossos são diferentes dos que fazem aqui na Grécia e assim tentamos dar às crianças um pouco de alegria e esperança", refere Krystyna Scheglova à nossa reportagem.
Há 36 crianças ucranianas a viver atualmente no campo de Serres. 30 vão à escola. Todas estão a aprender grego.
Desde que aqui chegaram, os refugiados ucranianos sentiram a necessidade de continuar a ir à igreja e rezar. Agora, na Semana Santa, ainda mais, na esperança de que a Ressurreição de Cristo lhes traga o fim da guerra e lhes permita regressarem à Ucrânia.
"Vamos regressar a nossas casas. Vamos reconstrui-las e torna-las ainda mais resistentes. Tínhamos uma boa vida e queremos recupera-la", garante Tatiana Babaru.
O enviado esp3ecial da Euronews a Serres, no norte da Grécia, calcula que "nos últimos dois meses, cerca de 21 mil ucranianos chegaram à Grécia".
"Esta é, sem dúvida, uma Páscoa difícil, longe de casa e de quem mais gostam. No entanto, aqui os ucranianos têm esperança de que a guerra acabe rapidamente e que não tenham de passar o resto da vida como refugiados", conclui Apostolos Staikos.