Mais de três mil migrantes morreram ou desapareceram enquanto tentavam chegar à Europa por mar, no ano passado.
Mais de três mil migrantes morreram ou desapareceram enquanto tentavam chegar à Europa por mar, em 2021, de acordo com a Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).
O número de mortes, no ano passado, (3077 óbitos) é duas vezes superior ao de 2020, de acordo com o último relatório da ACNUR.
A ONU apela aos governos para que desenvolvam "alternativas" às perigosas rotas marítimas usadas pelos requerentes de asilo que desesperam por chegar à Europa.
"Deste total, 1924 pessoas foram dadas como mortas ou desaparecidas nas rotas do Mediterrâneo central e ocidental", afirmou a porta-voz do ACNUR, Shabia Mantoo.
"E há ainda 1153 pessoas que morreram ou desapareceram na rota marítima do noroeste de África para as Ilhas Canárias", acrescentou a responsável.
O impacto da pandemia e do encerramento das fronteiras
No final de 2020, a agência da ONU tinha registado 1544 mortes de migrantes nas duas rotas marítimas.
Segundo a ACNUR, nos primeiros meses de 2022, há registo da morte ou desaparecimento de, pelo menos, 478 pessoas.
De acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, a pandemia de Covid-19 e os encerramentos de fronteiras tiveram um impacto nos fluxos migratórios. Muitos refugiados e migrantes recorreram a contrabandistas para tentarem chegar à Europa.
Rotas terrestres também são perigosas
No ano passado, mais de 53 mil pessoas chegaram por mar a Itália e 23 mil pessoas chegaram às Ilhas Canárias de Espanha igualmente por via marítima. Em 2021, registou-se um aumento de 61% nas partidas por mar da Tunísia, no ano passado, em comparação com 2020. O aumento foi de 150% na Líbia.
A maioria das travessias marítimas são feitas em barcos insufláveis em más condições, de acordo com o ACNUR.
"A viagem marítima dos Estados costeiros da África Ocidental, como o Senegal e a Mauritânia, para as Ilhas Canárias é longa e perigosa e pode demorar até 10 dias", referiu Mantoo numa conferência de imprensa em Genebra.
"Muitos barcos saíram da rota ou desapareceram sem deixar rasto", acrescentou a responsável.
O Mediterrâneo central é a rota de migração mais mortífera do mundo. Há registo de mais de 17 mil mortes e desaparecimentos desde 2014, segundo dados da Organização Internacional para as Migrações (OIM).
O ACNUR sublinha que as rotas terrestres também podem ser muito perigosas para os migrantes. Muitas pessoas terão morrido ao atravessar o deserto do Sara ou depois de terem sido mantidas em cativeiro e abusadas por traficantes ou contrabandistas.