Jornalistas e ativistas têm saído do país para não enfrentarem penas de prisão
Desde que a Rússia começou a invadir a Ucrânia, centenas de jornalistas e ativistas russos saíram do país e procuraram asilo no resto da Europa.
Foi o caso de Anastasia Sergeeva, ativista russa que vive agora na Polónia.
Anastasia acusa Putin de uma propaganda irreal, em que passa a mensagem de que os europeus odeiam o povo russo e isso está a fazer com que os cidadãos russos que sabem do que se passa na Ucrânia "comecem a perder a esperança" de que algo possa ser feito, diz a ativista.
"A propaganda usa muito ativamente a mensagem/informação de que fora da Rússia, ninguém gosta de russos", conta à Euronews Anastasia Sergeeva, da For a Free Russia Association.
Mesmo assim, de acordo com esta associação, são cada vez mais os russos a pedir ajuda para fugirem do país. Pedidos que começaram em 2014. Anastasia conta que nos últimos meses os pedidos dispararam não só de cidadãos russos a viver na Rússia mas também de russos que viviam na Ucrânia.
Alina e Andrei são casados e ambos jornalistas. Viviam no Kazan. Estão agora a viver em Varsóvia, Polónia, depois de fugirem pela Geórgia e pela Turquia. Fugiram por não se sentirem seguros.
"Com a nova legislação russa, eles podiam prender-nos, podiam revistar-nos a qualquer momento", conta Andrei Grigorev, jornalista na Radio Liberty. "Agora percebemos que devemos chamar de guerra à guerra e percebemos que ficar na Rússia e trabalhar na comunicação social é perigoso, está sob a lei criminal.", diz.
Alina conta que o ar na Rússia "ficou pesado, impossível de respirar". Diz que os colegas de profissão "estão em todo o lado", em países como a Geórgia ou a Turquia.
Os jornalistas correm o risco de enfrentar até 15 anos de prisão. "É este o preço a pagar por se dizer a verdade. Por se chamar guerra à guerra.", diz Andrei.
Embora a situação no país permaneça tensa, os últimos estudos dizem que os russos estão a sair da Rússia também pela mudança que a economia está a enfrentar com as sanções vindas de quase todo o mundo.
Kacper Wanczyk, da Universidade de Varsóvia que "alguns russos estão mais preocupados com a situação económica" e que a saída por oposição ao governo é apenas "parte da razão".
O número exato de russos que deixaram o país desde 24 de fevereiro é desconhecido - Mas os especialistas estimam que tenham saído entre 300 mil a 1 milhão de pessoas. A Polónia, que era um destino popular para a oposição bielorrussa, é agora também para os russos.