México com mais de 100.000 desaparecidos

Impunidade e cada vez mais famílias destroçadas, é o que resta de um número alarmante de desaparecimentos forçados no México.
De acordo com dados oficiais do governo, o país ultrapassou os 100.000 desaparecidos desde que começaram os registos, em 1964.
Em novembro, depois de uma visita ao México, uma comissão da ONU tinha já alertado para a "tendência preocupante do aumento" nos sequestros, alimentada por uma "impunidade absoluta".
Graciela Pérez Rodriguez, investigadora e fundadora do projeto Forensic Citizen Science:
"[O governo] admitiu que há desaparecidos. Mas continua a haver desaparecimentos, o que significa que a insegurança e, o que chamo de complicidade, omissão ou concluio dos governos com grupos criminosos, não acabou."
Se, por um lado, a sociedade civil mexicana é cada vez mais vocal acerca do problema, por outro as organizações de defesa dos Direitos Humanos dizem que não há progresso em termos de medidas institucionais.
O fenómeno dos desaparecimentos forçados no México começou nos anos 60, mas os números dispararam nos últimos 15 anos, com o aumento das atividades ligadas ao tráfico de drogas e a guerra lançada contra os cartéis pelo antigo presidente Felipe Calderón.
O Comité Internacional da Cruz Vermelha diz que os 100.000 casos sublinham a necessidade imediata de fortalecer os mecanismos de prevenção, pesquisa e identificação. Só no primeiro trimestre de 2022, mais de três mil pessoas foram registadas como desaparecidas em território mexicano.