A repressão das autoridades russas contra os cidadãos aumentou após a invasão da Ucrânia, segundo um advogado independente
A repressão ao nível dos direitos humanos na Rússia aumentou desde o início do conflito na Ucrânia.
Este é o testemunho de Dmitry Piskunov, um advogado independente de direitos humanos que se viu obrigado a abandonar o país por questões de segurança depois da organização para quem trabalha ter sido designada como "agente estrangeiro" pelas autoridades.
"A campanha lançada a 24 de Fevereiro para suprimir qualquer desacordo com a guerra, qualquer atitude negativa em relação à guerra, continua, e é agora o foco principal do Estado russo. A variante mais comum da pressão é a dos casos administrativos para desacreditar as forças armadas russas. O que, por sua vez, pode resultar num caso criminal" adianta Dmitry Piskunov, advogado independente de direitos humanos que trabalha para a organização OVD info que monitoriza os abusos de direitos humanos no país.
De acordo com o especialista, as detenções atingem cidadãos comuns que teriam ousado expressar as suas opiniões tanto nas ruas como nas redes sociais abrindo a porta assim à intervenção das autoridades.
O referido advogado, que trabalha atualmente fora da Rússia, falava de "jornalistas, bloggers, pessoas famosas, mas não só". Acrescentava que "foram abertos processos criminais também contra pessoas pouco conhecidas", por exemplo, pessoas que escreveram nas redes sociais, "um professor da escola que criticava o exército foi denunciado. Ainda há uma grande pressão sobre os advogados", estes não "são autorizados a entrar nos tribunais", nem nas "esquadras da polícia".
Segundo números avançados pela organização independente OVD info, desde 24 de fevereiro que mais de 15 mil pessoas foram detidas na Rússia ao abrigo de acusações relacionadas com a divulgação de notícias consideradas como falsas pelas autoridades.