Dois britânicos condenados à morte no leste da Ucrânia por "terrorismo"

Marroquino Saaudun Brahim ladeado pelos britânicos Aiden Aslin e Shaun Pinner
Marroquino Saaudun Brahim ladeado pelos britânicos Aiden Aslin e Shaun Pinner Direitos de autor AP Photo
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De  Francisco Marques
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Dois cidadãos do Reino Unido e um marroquino capturados ao lado de militares ucranianos em Mariupol foram julgados por separatistas pró-russos. Kremlin não cede na invasão

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A condenação à morte de dois cidadãos britânicos e um marroquino num julgamento realizado nos territórios separatistas pró-russos da Ucrânia está a revoltar o Reino Unido.

Os britânicos Aiden Aslin, de 28 anos, e Shaun Pinner, de 48, e o marroquino Saaudun Brahim estavam em Mariupol a ajudar a Ucrânia a defender-se da invasão russa, mas renderam-se há algumas semanas às forças afetas ao Kremlin que agora controlam aquela cidade costeira unto ao Mar de Azov.

A cidade fica a sul da região de Donetsk, faz agora parte dos territórios ocupados e controlados pelos separatistas pró-russos, numa zona reconhecida exclusivamente por Moscovo como uma república independente desde a semana em que a invasão da Ucrânia começou.

Os três homens estão detidos e já foram julgados pelas autoridades desta auto-proclamada república de Donetsk, tendo sido condenados à morte sob acusação de "terrorismo".

A agência russa Ria Novosti divulgou imagens dos três homens há alguns dias em tribunal a assumirem-se culpados das acusações que lhe foram dirigidas.

O governo do Reino Unido, um dos países que mais e melhores armas tem fornecido à Ucrânia, mostra-se "muito preocupado"  perante a sentença e disse estar a trabalhar com as autoridades ucranianas no sentido de conseguir a libertação dos homens.

"Temos dito repetidamente que os prisioneiros de guerra não devem ser explorados com propósitos políticos", afirmou um porta-voz do executivo de Boris Johnson, citado pelo The Guardian, referindo-se à "convenção de Genebra", sob a qual "prisioneiros de guerra têm direito à imunidade de combate e não devem ser julgados por participarem em hostilidades".

A ministra dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido reforçou a classificação de "prisioneiros de guerra" e denunciou o julgamento como uma "fachada".

"Condeno veementemente a condenação de Aiden Aslin e Shaun Pinner decidida por procuradores russos no leste da Ucrânia. São prisioneiros de guerra e isto foi um julgamento de fachada sem qualquer legitimidade", afirmou Liz Truss, reforçando as palavras numa publicação nas redes sociais.

O deputado britânico Robert Jenrick, que foi eleito pelo circulo eleitoral de Newark, a que pertence Aiden Aslin, afirmou que "este nojento julgamento ao estilo da era soviética é a mais recente recordação da depravação do regime de Putin".

A Rússia tem de ser clara. Eles no podem tratar cidadãos britânicos desta forma e safar-se.
Robert Jenrick
Deputado conservador no Reino Unido

A sentença acontece numa altura que a guerra em Severodonetsk, junto aos territórios separatistas de Luhansk, se intensifica e ameaça tornar-se num novo capitulo trágico na luta pela região do Donbass como aconteceu em Mariupol, onde os britânicos e o marroquino foram capturados.

O governador de Luhansk explica-nos haver "uma divisão dinâmica, uma apelidada fronteira que divide a cidade em duas partes". "Uma ocupada e outra sob nosso controlo. Esta fronteira pode alterar-se muito, mesmo no decorrer de um só dia. Se retomamos 3, 4 ou 5 casas, essa fronteira pode mover-se numa direção totalmente diferente”, referiu Serhiy Haidai.

Os combates em Severodonetsk acontecem nas ruas. Luta-se por cada edifício sob os bombardeamentos da artilharia russa. O autarca local admite estar a viver-se "uma situação difícil, mas controlável" pela Ucrânia.

Atuando no terreno em claro contraste com as palavras do Kremlin, as forças russas mantêm uma ofensiva forte sobre a Ucrânia, com recurso a artilharia pesada.

Os militares ucranianos que tentam resistir à invasão russa continuam a pedir mais armas aos aliados a ocidente perante uma Rússia, que não só não dá mostras de fraqueza bélica, apesar das alegadas queixas dos soldados no terreno, como ainda tenta colocar mais pressão sobre os restantes países vizinhos.

Em imagens difundidas esta quinta-feira, o Kremlin mostrou supostos exercícios militares no Mar Báltico, no que aparenta ser uma resposta às recentes candidaturas anunciadas por Finlândia e Suécia de adesão à NATO.

Outras fontes • Tass, Guardian

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