Parlamento da Bulgária faz cair Governo com seis meses por apenas três votos

Kiril Petkov discursa no PArlamento após moção de censura
Kiril Petkov discursa no PArlamento após moção de censura Direitos de autor Nikolay DOYCHINOV / AFP
De  Francisco Marques
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Primeiro-ministro Kiril Petkov denuncia interferências russas na revolta dos deputados, mas rejeição curta alimenta-lhe a esperança de evitar novas eleições na Bulgária

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A moção de censura ao Governo da Bulgária foi aprovada pelo Parlamento, por apenas três votos, num total de 123.

Apesar de ter o apoio de 116 deputados dos 240 que compõem o hemiciclo (um deputado estava ausente por doença), o executivo cai, mas pode ainda reerguer-se caso o primeiro-ministro Kiril Petkov consiga negociar uma nova coligação que lhe permita retomar o governo.

Seis meses após tomar posse, o executivo de Kiril Petkov é derrubado por um movimento de oposição liderado pelo GREB, de Boyko Borisov, que apresentou uma moção de censura após a coligação que permitia governar ter sofrido cisões por causa do Orçamento de Estado em preparação.

Os diferendos dentro da coligação agravaram-se também após a invasão russa da Ucrânia, com o primeiro-ministro a assumir uma posição pró-europeia e pró-NATO contra a de aliados que mantinham proximidade ao Kremlin.

Petkov denuncia interferências estrangeiras na promoção da moção de censura e aponta o dedo por exemplo à embaixadora russa na Bulgária, Eleonora Mitrofanova, e ao oligarca búlgaro e magnata da comunicação, Delyan Peevski.

"Este voto é um pequeno passo num longo caminho. O que eles não perceberam é que esta não era a forma de ganhar o povo búlgaro. Prometemos continuar a lutar para retomar o nosso país e um dia teremos uma Bulgária sem negócios obscuros, sem máfias. Um país europeu de sucesso", perspetivou Kiril Petkov, que deverá manter-se de forma interina no lugar, à consideração do Presidente Rumen Radev.

Um dos membros do executivo de Petkov, Bozhdar Bozhanov reiterou a vontade de continuar o trabalho iniciado. "O governo caiu, mas a nossa motivação para terminar o que começámos, não", escreveu o ministro da Gestão Digital (e-Governo) da Bulgária.

Com esta decisão do Parlamento, a Bulgária arrisca agora ter de realizar novas eleições, numa altura em que, à imagem de Portugal no final do ano passado, tem sobre a mesa um Orçamento de Estado recheado de fundos europeus, oriundos do Plano de Recuperação e Resiliência da União Europeia, e ainda a preparação da adesão ao euro em 2024.

No entanto, perante uma margem tão pequena de três votos dentro do Parlamento, é de esperar que Petkov encete negociações com alguns dos deputados que agora o rejeitaram para tentar formar um nova coligação que lhe permita continuar a liderar o país numa fase crucial.

A oposição, no entanto, nomeadamente o partido GERB e o nacionalista pró-russo de esquerda Renascimento, também vão estar em jogo e a manter pressão para a mudança.

O futuro político da Bulgária está agora em aberto e Vladimir Putin é parte muito interessada.

Outras fontes • AFP, AP, 24chasa.bg

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