Primeiro-ministro Kiril Petkov denuncia interferências russas na revolta dos deputados, mas rejeição curta alimenta-lhe a esperança de evitar novas eleições na Bulgária
A moção de censura ao Governo da Bulgária foi aprovada pelo Parlamento, por apenas três votos, num total de 123.
Apesar de ter o apoio de 116 deputados dos 240 que compõem o hemiciclo (um deputado estava ausente por doença), o executivo cai, mas pode ainda reerguer-se caso o primeiro-ministro Kiril Petkov consiga negociar uma nova coligação que lhe permita retomar o governo.
Seis meses após tomar posse, o executivo de Kiril Petkov é derrubado por um movimento de oposição liderado pelo GREB, de Boyko Borisov, que apresentou uma moção de censura após a coligação que permitia governar ter sofrido cisões por causa do Orçamento de Estado em preparação.
Os diferendos dentro da coligação agravaram-se também após a invasão russa da Ucrânia, com o primeiro-ministro a assumir uma posição pró-europeia e pró-NATO contra a de aliados que mantinham proximidade ao Kremlin.
Petkov denuncia interferências estrangeiras na promoção da moção de censura e aponta o dedo por exemplo à embaixadora russa na Bulgária, Eleonora Mitrofanova, e ao oligarca búlgaro e magnata da comunicação, Delyan Peevski.
"Este voto é um pequeno passo num longo caminho. O que eles não perceberam é que esta não era a forma de ganhar o povo búlgaro. Prometemos continuar a lutar para retomar o nosso país e um dia teremos uma Bulgária sem negócios obscuros, sem máfias. Um país europeu de sucesso", perspetivou Kiril Petkov, que deverá manter-se de forma interina no lugar, à consideração do Presidente Rumen Radev.
Um dos membros do executivo de Petkov, Bozhdar Bozhanov reiterou a vontade de continuar o trabalho iniciado. "O governo caiu, mas a nossa motivação para terminar o que começámos, não", escreveu o ministro da Gestão Digital (e-Governo) da Bulgária.
Com esta decisão do Parlamento, a Bulgária arrisca agora ter de realizar novas eleições, numa altura em que, à imagem de Portugal no final do ano passado, tem sobre a mesa um Orçamento de Estado recheado de fundos europeus, oriundos do Plano de Recuperação e Resiliência da União Europeia, e ainda a preparação da adesão ao euro em 2024.
No entanto, perante uma margem tão pequena de três votos dentro do Parlamento, é de esperar que Petkov encete negociações com alguns dos deputados que agora o rejeitaram para tentar formar um nova coligação que lhe permita continuar a liderar o país numa fase crucial.
A oposição, no entanto, nomeadamente o partido GERB e o nacionalista pró-russo de esquerda Renascimento, também vão estar em jogo e a manter pressão para a mudança.
O futuro político da Bulgária está agora em aberto e Vladimir Putin é parte muito interessada.