Embaixador de Angola em Portugal foi o primeiro a votar em Lisboa
Pela primeira vez, a diáspora angolana pôde votar nas eleições presidenciais em Portugal. No Consulado, em Lisboa, as filas formaram-se ainda antes da abertura das urnas. Carlos Alberto, o embaixador de Angola em Portugal foi a primeira pessoa a votar. Abriu o caminho para os 10% dos angolanos que viverm no país e que estão recenseados.
José Miguel saiu de Angola há mais de 20 anos, escondido num camião-cisterna até à África do Sul, e hoje votou pela primeira vez fora do país, em Lisboa, na UNITA. "Eu votei na União Nacional para a Independência Total de Angola [UNITA, na oposição], mas o medo que tenho é da CNE em Angola. Está tudo manipulado, as estatísticas, o número de pessoas vivas, os mortos a votar, e a empresa contratada para fazer o processo eleitoral é a pior e toda a gente tem medo", disse à Lusa, durante a votação no consulado de Angola em Lisboa.
Opinião contrária tem Rosa Almeida, radicada em Portugal há 20 anos, para quem o MPLA simboliza a continuidade de Angola no bom caminho. "Votei para o meu presidente, pela continuidade, ele no pouco tempo que está no governo, com as dificuldades económicas que passámos, em meio ano conseguiu resolver vários problemas sociais, na saúde, na educação e na agricultura", explica, depois de sair de uma roda de amigas, que são "todas do M, nada do contra".
Questionada sobre a perceção de corrupção e de quase meio século de poder de um só partido, Rosa Almeida admite alguns problemas, mas garante que o povo continua com o MPLA.
História diferente tem Joaquim Fernandes da Silva, que veio para Portugal no princípio da pandemia, já com a esperança de poder votar pela primeira vez no estrangeiro para as eleições no seu país."Senti-me cidadão angolano com direito a voto e cumpri o meu dever de cidadania, aconselho os meus compatriotas a fazer o mesmo", afirmou.
A votação em Lisboa e Porto, as duas cidades onde foi possível votar, começou às sete da manhã e terminou às cinco da tarde.