Na região controlada pelos Irmãos de Itália é praticamente impossível fazer um aborto
A vitória dos Irmãos de Itália nas eleições italianas promete ser um teste à fraternidade dos vários líderes que se coligaram à direita. Giorgia Meloni será convidada pelo Presidente Sergio Matarella a formar governo, a partir daí, Matteo Salvini, Silvio Berlusconi e companhia lutam pela melhor posição junto da futura primeira-ministra.
Caso não haja nenhum imprevisto, Giorgia Meloni será a primeira mulher a liderar o executivo italiano mas a sua vitória não significa necessariamente uma vitória para as mulheres.
Na região de Marche, controlada pelo partido da direita radical há dois anos, é já praticamente impossível fazer um aborto, mesmo que este seja legal no país. Quem o tenta fazer obtém invariavelmente como resposta que não havia disponibilidade ou que o médico não estava presente.
As mulheres que pretendem abortar são obrigadas a deslocar-se para outra região, a fazer um aborto clandestino ou a sair do país. Algumas acabam por desistir.
A lei italiana permite que os profissionais de saúde se declarem objetores de consciência e cerca de dois terços dos ginecologistas recusam-se a fazer abortos.
O problema vai da política à educação e entre os ginecologistas que defendem o direito ao aborto, há quem acuse nas universidades católicas de obrigar os novos estudantes a assinar um documento para se declararem objetores de consciência.
Giorgia Meloni afirma ser defensora dos valores de família, mas para a futura primeira-ministra, nem todas as famílias são iguais.