O desespero chegou ao fim para 89 pessoas, mas centenas de migrantes continuam a aguardar pelo mesmo desfecho, em três outros navios humanitários, após impasse com o governo italiano, de extrema-direita, comandado por Giorgia Meloni.
Em Itália, o desespero chegou ao fim para 89 migrantes. Após dias de espera ao largo da costa italiana, o navio humanitário alemão “Rise Above” pôde finalmente atracar, esta terça-feira, em Reggio Calabria, no sul do país. Todas as pessoas a bordo foram autorizadas a desembarcar, de acordo com a Organização Não Governamental (ONG) Mission Lifeline.
Já outros dois navios humanitários não conseguiram obter esta mesma autorização por parte das autoridades italianas e continuam a aguardar pelo mesmo desfecho.
O Geo Barents, de bandeira norueguesa, dos Médicos Sem Fronteiras, atracou em Catania, na Sicília, no domingo, mas as autoridades só permitiram o desembarque de 357 pessoas. 215 viram a entrada ser-lhes recusada.
Na mesma situação, encontra-se o navio Humanity 1, da ONG SOS Humanity, de bandeira alemã. 144 pessoas, entre mulheres e menores, foram autorizados a desembarcar em Catania, mas 35 homens adultos continuam à espera.
O desespero dos últimos dias é visível e há quem tema mesmo pela saúde dos filhos. "É uma bebé. Isto é varicela". Não podemos dar-lhe banho, já passaram 10 dias desde a última vez que lhe demos banho. Ela não pode comer, apenas chora. Tenham piedade deste bebé", disse um dos migrantes, deixando um apelo ao governo italiano.
Um quarto navio, o Ocean Viking, da ONG SOS Méditerranée, de bandeira norueguesa, ainda não conseguiu obter autorização para entrar num porto italiano. As 234 pessoas a bordo aguardam há mais de duas semanas por uma solução, após terem sido resgatadas.
O recente empossado governo de Giorgia Meloni decidiu adotar uma postura muito mais rígida relativamente aos migrantes. O executivo entende que as pessoas resgatadas são da responsabilidade do Estado de onde são oriundos os navios humanitários e defende que, como tal, os migrantes devem ser enviados para esses países.
As Organizações Não Governamentais não concordam com este posicionamento e pedem ao governo que deixe os migrantes desembarcar. O impasse ainda não tem, até ao momento, uma solução à vista.