Eis a lista da polícia italiana dos mafiosos mais perigosos ainda em fuga

Carabinieri mostram fotos de suspeitos colaboradores do mafioso Mateo Messina Denaro
Carabinieri mostram fotos de suspeitos colaboradores do mafioso Mateo Messina Denaro Direitos de autor AP Photo/Alessandro Fucarini
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De  Francisco Marques
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A captura de Matteo Messina Denaro, chefe da "Cosa Nostra, em janeiro, reduziu a lista dos líderes do crime organizado italiano mais procurados pela justiça

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A luta contra a máfia em Itália conseguiu um importante feito em meados de janeiro com a detenção de Mateo Mssina Denaro, de 60 anos.

O líder da Cosa Nostra estava em fuga há três décadas e foi capturado em Palermo, numa operação descrita pela primeira-ministra Giorgia Meloni como "uma grande vitória para o Estado".

A mediática detenção deste ano deu novo impulso ao combate ao crime organizado em Itália e reduziu para quatro a lista dos "foragidos de perigo máximo" elaborada pela Direção Central da Polícia Judiciária de Itália.

Damos-lhe a conhecer o quarteto dos mafiosos mais perigosos ainda em fuga em Itália:

Attilio Cubeddu, "Anonima Sequestri" (Sardenha)

Nasceu em 2 de março de 1947, em Arzana, na província de Nuoro, na Sardenha. Tem 76 anos e está em fuga desde 1997 depois de ter aproveitado uma saída precária para fugir da prisão, onde estava a cumprir pena por sequestro, homicídio e agressão violenta.

Desde 18 de março de 1998, é alvo de "um mandado de captura internacional com fins de prisão e extradição".

Ministério do Interior de Itália
Ficha de Attilio CubedduMinistério do Interior de Itália

Attilio Cubeddu fez parte da organização criminosa Anonima Sequestri, que, como o nome indica, se especializou em raptos. Na década de 80, terá participado no sequestro de Cesare Peruzzi, na Toscana, e nos de Ludovica Rangoni Machiavelli e Patrizia Bauer, em Emília-Romagna.

Foi preso em 1984, em Ricciano, e após 13 anos conseguiu autorização para a primeira saída precária. Não voltou e mantém-se em fuga, embora alguns rumores o deem como morto, assassinado por outro membro da mesma organização criminosa. Outra teoria sugere que Attilio Cubeddu poderá estar a viver na Sardenha.

Renato Cinquegranella, "Camorra" (Nápoles)

Napolitano de gema, nasceu a 15 de maio de 1949, tem 73 anos e é procurado pela polícia italiana desde outubro de 2002, por suspeitas de envolvimento em "conspiração criminosa do tipo mafioso, cumplicidade em homicídio, posse e porte ilegal de arma, extorso e outros", detalha o Ministério do Interior italiano.

Desde 12 de julho de 2018 é alvo de um mandado de captura internacional "com fins de prisão e extradição".

Fez parte da Nova Família, a federação de clãs ligados à Camorra, que na década de 80 do século XX travou uma feroz batalha contra a Nova Camorra Organizada (NCO), de Raffaele Cutolo, com o objetivo de controlar as atividades criminais em Nápoles, onde na altura despontava no futebol um tal de Diego Maradona, que também se deixou envolver nas redes mafiosas.

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Ficha de Renato CinquegranellaMinistério do Interior de Itália

Renato Cinquegranella é suspeito de ter cometido um dos assassínios mais hediondos e simbólicos dessa guerra entre famílias mafiosas, o de Giacomo Frattini, o "bambulella" da NCO.

É também acusado de ter participado no assassinato, pelas apelidadas "brigadas vermelhas", do agente da polícia Antonio Ammaturo, em 15 de julho de 1982. A tese da procuradoria que investiga o caso aponta para Cinquegranella como o apoio logístico ao grupo terrorista que executou a emboscada.

Giovanni Motisi, "Cosa Nostra" (Sicília)

Natural de Palermo, nasceu a 1 de janeiro de 1959, tem 64 anos e é procurado desde 1998, por homicídio, de 2001, por associação de tipo mafiosa, e de 2002, por massacre e outros crimes.

Foi condenado à prisão perpétua e desde 12 de outubro de 1999 é alvo de um mandado de captura internacional, "com fins de prisão e extradição".

Conhecido como "U'Pacchiuni" devido à estatura e que pode ser traduzido por "o gordo", tem dado que falar nestas últimas semanas, sendo apontado em surdina como o provável novo chefe da Cosa Nostra, na Sicília, depois da captura de Matteo Messina Denaro.

No entanto, como explicou Maurizio de Lucia, procurador-geral de Palermo, a máfia siciliana não tem um só líder há algum tempo. Nem Messina Denaro o era, embora desempenhasse um papel muito importante da organização na região de Trapani.

Desde a prisão de Salvatore "Totò" Riina, em 1993, não são conhecidas reuniões da associação Cosa Nostra, embora o grupo ainda esteja ativo.

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Ficha de Giovanni MotisiMinistério do Interior de Itália

Motisi foi um dos membros mais próximos de Totò Riina, executou diversos assassinatos e foi, de acordo com os investigadores, um dos organizadores do atentado que matou em setembro de 1982 Carlo Alberto Dalla Chiesa, que foi, por isso, presidente da Câmara de Palermo durante apenas quatro meses.

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A última imagem conhecida de Giovanni Motisi foi registada em 1999, quando ele participou no aniversário da filha e desde então não mais voltou a ser visto.

Pasquale Bonavota, "'Ndrangheta" (Calábria)

Natural de Vibo Valentia, na Calábria, onde nasceu a 10 de janeiro de 1974, é procurado pela polícia italiana desde 28 de novembro de 2018, por "associação de tipo mafioso e homicídio agravado". Aos 49 anos, é o mafioso que fecha a lista dos criminosos mais perigosos ainda em fuga.

Conhecido pelos jornais dos anos 90 como "o Corleone da Calábria", fez parte da 'Ndrangheta através do clã Bonavota, conhecido pela guerra constante com a família Petrolo-Bartolotta, da cidade vizinha de Stefanaconi, que ficou ligada ao famoso "massacre de Epifania", cometido a 6 de janeiro de 1991.

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Ficha de Pasquale BonavotaMinistério do Interior de Itália

Pasquale Bonavota cresceu numa família determinada a vingar esse ataque dos rivais. Tornou-se rapidamente chefe da família e é descrito por Mariza Manzini, procuradora-adjunta de Catanzaro, como "um homem que combina duas faces do crime: de um lado, o 'ndranguista conservador, que cresceu num clã que fez da violência o mote de existência; por outro, o da descendência ambiciosa que pretendia expandir a presença para lá das respetivas fronteiras territoriais".

Bonavota investiu muito capital em Roma para adquiri empresas que ao longo do tempo, acrescenta a magistrada de Catanzaro, se tornaram "verdadeiros centros de narcotráfico".

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Outras fontes • Agências e imprensa local

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