Polónia é "terreno fértil" para empresas ucranianas mas cria receios aos polacos

Restaurante ucraniano na Polónia
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De  Euronews, Magdalena Chodownik
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Número de empresas ucranianas na Polónia aumenta entre receios, dos polacos, de serem prejudicados.

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São já 25.000 as empresas ucranianas a operar no mercado polaco. A Polónia possibilitou, rapidamente, aos ucranianos que chegavam - quando aconteceu a invasão russa da Ucrânia - o início de atividades empresariais, permitindo-lhes operar no mercado nas mesmas condições que os polacos.

Todos os ucranianos têm a possibilidade de gerir uma empresa, em nome individual, na Polónia através de uma lei especial que lhes permite, por exemplo, que beneficiem de um alívio financeiro no início e de taxas preferenciais de Segurança Social durante os primeiros dois anos.
Tetiana Gomon
Câmara de Comércio Polónia-Ucrânia

Um dos exemplos é o Charnomorka, um restaurante ucraniano especializado em marisco, que abriu na Polónia em dezembro de 2022. Karina Synevych, uma das responsáveis por este estabelecimento, explicava à Euronews que tinham começado a "pensar e a planear a entrada no mercado europeu" há muito tempo, mas "foi a guerra" que os obrigou a "fazê-lo mais rapidamente". Lançaram-se apesar das condicionantes e desafios. Não podem levar o Mar Negro para a Polónia nem pescar nele "porque está minado e eles", referindo-se aos russos, "não o permitem".

O restaurante também emprega ucranianos. Não têm, propriamente, empregados de mesa mas pessoas que fugiram da Ucrânia, como referia a jovem. Pessoas que não sabem falar polaco. E isso não impediu Irina Shpagina, escriturária, de integrar esta equipa. Chegou à Polónia depois do início da guerra, sem falar a língua local. Hoje, diz-se "feliz por ter encontrado uma empresa" criada por empresários ucranianos, o que lhe permite trabalhar de acordo com a formação que teve.

Impostos pagos pelos ucranianos beneficiam a Polónia

Peritos dizem que esta situação tem muitos benefícios, como os impostos pagos que vão para os cofres do Estado polaco. Mas, por outro lado, aumenta a concorrência no mercado polaco e isso cria receios entre aqueles que já dependiam dele.

Ainda assim, há quem acredite que eles não têm nada a temer. Justyna Bokajło, do Departamento de Relações Económicas Internacionais e Integração Europeia, admitia que "aperceção em relação às empresas e trabalhadores ucranianos na Polónia está a mudar", que as "atitudes positivas" já viram melhores dias. "Parte da sociedade polaca manifesta receios em relação à limitação do acesso aos cuidados de saúde ou aos benefícios sociais", explicava. Mas para Justyna Bokajło "as indústrias que são populares entre os empresários ucranianos estão numa relação de parceria com os empresários polacos e complementam as lacunas do mercado de trabalho polaco".

Cerca de dois milhões de pessoas que deixaram a Ucrânia, devido à invasão russa, permanecem na Polónia. Um desafio acrescido para os mercados, seja em termos de habitação ou de trabalho, quando a Polónia ainda está a adaptar-se à nova situação, como frisava Magdalena Chodownik, enviada da Euronews, em Varsóvia.

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