Apesar das manifestações em França estarem proibidas neste 8 de maio, milhares saíram à rua em Lyon
O calendário assinala o aniversário do dia da vitória dos aliados sobre a Alemanha nazi em 1945. Depois de uma comemoração bastante solitária nos Campos Elísios quase vazios, em Paris, o presidente francês prestou homenagem à Resistência e ao seu líder, Jean Moulin, em Lyon, que esteve preso na prisão de Montluc pelos alemães.
Emmanuel Macron contou com a polícia para manter longe a resistência que nos dias de hoje marca presença quase diária nas ruas contra as políticas do governo francês.
Entre 3 mil e 5 mil pessoas desafiaram a proibição de manifestação e fizeram-se ouvir.
"É insuportável que pegue no nosso herói da resistência Jean Moulin, e que se tente reabilitar, quando está a fazer exactamente o contrário daqilo por que Jean Moulain lutou," diz um dos manifestantes à Euronews. Ao lado, resista-se o momento como incoerente: "comemorar enquanto o presidente está a oprimir completamente o seu povo e a privilegiar uma parte da população, é risível, é absurdo," desabafa outro manifestante acrescentando que protesta "pela falta de democracia, pela falta de partilha e igualdade" no governo francês.
A reforma do sistema de pensões voltou a dar o mote ao protesto desta segunda-feira. Pelo menos três pessoas foram detidas em Lyon após desacatos com a polícia.
Destuição "inaceitável" em dia de memória
As janelas da Junta de Freguesia do terceiro bairro de Lyon foram partidas, vidros de carros foram destruídos e a polícia utilizou gás lacrimogéneo em várias ocasiões.
"As crianças de Izieu e os milhões de mortos da Segunda Guerra Mundial merecem silêncio e respeito. Não a indignidade. Há um tempo para tudo", afirmou no Twitter o ministro francês da Justiça, Eric Dupond-Moretti, que estava presente na cerimónia, enquanto o presidente do Senado francês, Gérard Larcher, disse que tais manifestações eram "inaceitáveis" neste dia de memória.
A várias centenas de metros dos manifestantes, Emmanuel Macron efectuou a sua visita sem obstáculos.
Acompanhado por Claude Bloch, de 94 anos, o último sobrevivente de Auschwitz a viver em Lyon, e pelos combatentes do crime nazi Serge e Beate Klarsfeld, visitou a cela de Jean Moulin, preso pelo chefe da Gestapo local, Klaus Barbie. Os registos mostram que foi duramente torturado, manteve-se em silêncio e morreu devido aos ferimentos a 8 de Julho de 1943, no comboio que o transportava para a Alemanha.