O príncipe herdeiro saudita está em Paris. É a segunda vez que é convidado por Emmanuel Macron a deslocar-se ao Palácio do Eliseu, para discutir áreas de interesse mútuo.
O presidente francês recebeu calorosamente o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, mas a visita não é isenta de polémica, como relata a nossa correspondente internacional, Anelise Borges.
"O Palácio do Eliseu afirmou que esta era uma oportunidade para reforçar a parceria estratégica entre a França e a Arábia Saudita e também para abordar algumas questões importantes de todo o mundo, incluindo, claro, a crise no Líbano, mas também a Síria, o Irão e, talvez mais importante, pelo menos para o presidente francês, a guerra na Ucrânia e o seu impacto aqui na Europa.
Mohammed bin Salman pode e deve exercer mais pressão sobre a Rússia, segundo a comitiva francesa de Emmanuel Macron. Para o príncipe herdeiro saudita, entretanto, esta é uma oportunidade para continuar a sua ofensiva de charme, a sua campanha para mudar a sua imagem e a da Arábia Saudita.
Entretanto, os ativistas dos direitos humanos em França denunciam mais uma vez esta visita, citando o número de execuções que quase duplicou durante o governo de Mohammed bin Salman".
Macron e o príncipe saudita sentaram-se para um almoço de trabalho individual no palácio presidencial esta sexta-feira.
A presidência francesa disse que as conversações se centrariam nas relações bilaterais entre os dois países e nas questões de estabilidade regional.
A França é um dos principais fornecedores de armamento e defesa aos países do Golfo.
Os líderes também se preparam para uma cimeira global na próxima semana "com o objetivo de reunir fundos públicos e privados" para combater a pobreza, apoiar a transição climática e proteger a biodiversidade, disse a presidência francesa. Espera-se que o evento reúna mais de 50 chefes de Estado e de Governo, bem como muitas ONG e destacados ativistas do clima.
Durante a sua estada em Paris, o Príncipe Mohammed deverá também fazer pressão para que Riade acolha a Exposição Mundial de 2030.
Um alto funcionário francês, que falou sob anonimato de acordo com as práticas habituais da presidência, disse que a França quer convencer a Arábia Saudita a envolver-se com a Rússia num plano para acabar com a guerra, preservando a soberania e a integridade territorial da Ucrânia.
Macron também planeia discutir os direitos humanos, uma vez que a França se opõe firmemente à pena de morte, prática comum na Arábia Saudita.