As inundações provocadas pelo rebentamento da barragem de Kakhovka acrescentaram ainda mais sofrimento a milhares de ucranianos atormentados pela guerra.
A destruição da barragem de Kakhovka causou prejuízos estimados em 1,2 mil milhões de euros.
O montante é enorme e para os habitantes das povoações inundadas, na região de Kherson, os danos são demasiado evidentes nas suas lutas quotidianas.
As águas baixaram, mas continua a ser necessária ajuda e a limpeza parece estar ainda muito longe.
Oleksandr Mashukov, residente em Kherson, afirma: "Já podemos andar. Sem exagero, isto era uma camada de lama. Agora, aluguei um apartamento no andar de cima, para não sobrecarregar as pessoas. Com a minha "grande" pensão..."
Voluntários de todo o país estão a ajudar os residentes das zonas inundadas. Transportam ajuda humanitária: roupas, alimentos, artigos de higiene, detergentes em pó e sabão.
As evacuações prosseguem nos sítios onde não se vê a possibilidade de uma vida normal ser retomada tão cedo.
Segundo as Nações Unidas, a destruição de Kakhovka deixou sem água potável cerca de 700 mil pessoas e povoações totalmente isoladas sem acesso a água ou bens essenciais.
Para os agricultores ucranianos, o rebentamento da barragem tem outra consequência bastante perigosa: as minas terrestres colocadas pelas tropas russas de ocupação foram deslocadas pelas águas das cheias. Até à data, os agricultores tinham conseguido limpar grandes extensões de terras agrícolas. Agora estão a utilizar drones para pulverizar e remover a vegetação, para que as minas possam ser removidas.
Denis, empregado de uma exploração agrícola, diz: "Havia aqui tantas ervas daninhas altas que não se conseguiam ver as minas. Este campo estava totalmente minado ao longo de dois quilómetros".
Sem a barragem de Kakhovka, os sistemas de irrigação e os canais de abastecimento ficam secos. Segundo um agricultor, poderão ser necessários dez anos para reconstruir e voltar a encher o reservatório vital.