Apesar de a energia nuclear ter pedido terreno face a outras alternativas continua a ser utilizada como arma de arremesso político e de influência na arena global.
Tem sido uma mudança de visão gradual, mas quase completa. Dos protestos antinucleares - por causa dos riscos de acidente ou dos problemas com o armazenamento de lixo tóxico - à apresentação da energia nuclear como não poluente, esta opção tem dividido opiniões.
Após o desaparecimento dos movimentos ecologistas antinucleares na sequência da renúncia alemã ao nuclear, a indústria apresenta uma espécie de renascimento como fonte de eletricidade sem emissões de carbono, verde e limpa, que ajuda a mitigar as alterações climáticas.
Um esforço de relações públicas que alguns países têm aproveitado numa altura em que se assiste à queda do nuclear por causa da pressão das energias renováveis.
A China continua a manter as apostas. Quer ser o maior produtor mundial de gigawatts de energia nuclear até 2030.
A Rússia também se quer consolidar.
"A Rússia tem uma indústria nuclear que funciona bem. É capaz de fornecer produtos e serviços para todo o mundo e tem a vantagem de estar integrada ao longo de toda a cadeia de valor, ou seja, produz urânio. São capazes de enriquecê-lo, são capazes de produzir centrais nucleares, de reprocessar o combustível e só estão a uma curta distância de conseguir oferecer um serviço completo, motivo pelo qual estão a dizer: "construímos a sua central nuclear e tratamos de tudo”, explicou, em entrevista à Euronews, Philippe Copinschi, professor na Paris School of International Affairs.
O comércio nuclear é uma indústria estratégica, para promover relações diplomáticas comerciais e institucionais.
Uma ferramenta que alguns usam para manter a presença na arena internacional, mesmo que os custos de produção surgiram o contrário e que tudo aponte para a diminuição do peso da energia nuclear.
"A energia nuclear está-se a tornar cada vez menos competitiva. (...) O preço da eletricidade, das energias renováveis, em particular a eólica e a solar, está a cair muito. (...) Hoje é mais barato produzir energia eólica do que nuclear”, acrescentou Philippe Copinschi.
Um negócio nuclear mau neste contexto, pode, no entanto, ser visto também como um triunfo geopolítico se melhorar a influência económica da indústria e a política do país exportador.