A Rússia diz estar a investigar as circunstâncias da queda do avião em que seguia o líder do grupo privado militar Wagner.
Vladimir Putin já reagiu à morte do líder do grupo privado militar Wagner e outras altas figuras da organização, num desastre de avião na quarta-feira. O presidente russo enviou uma mensagem de condolências à família de Yevgeny Prigozhin em que diz que o controverso líder militar, que em junho protagonizou uma revolta contra o Kremlin, era "um homem talentoso que cometeu alguns erros". As autoridades russas dizem que está em curso uma investigação sobre o acidente.
A agência russa de transporte aéreo, Rossaviatsia, confirmou que Yevgeny Prigozhin estava a bordo do avião, num voo de Moscovo para São Petersburgo que caiu na noite de quarta-feira, na região de Tver.
Nenhum dos sete passageiros e três tripulantes sobreviveu, mas as autoridades ainda não anunciaram formalmente a morte do líder do Wagner, uma vez que os corpos não foram identificados.
Os supostos mortos também incluem o braço direito de Prigozhin, Dmitri Utkin, um misterioso ex-oficial da inteligência militar russa e comandante operacional do Wagner. Outro nome é Valéri Tchekalov, que os media russos apresentam como gerente da logística do grupo.
O professor da Universidade Livre de Riga, Dmitry Oreshkin, comenta: “Esta é uma ação demonstrativa. Afinal, Prigozhin poderia ter sido envenenado discretamente e teria morrido de ataque cardíaco, como muitos oponentes anteriores de Putin ou dos seus generais. Mas há vários fatores em jogo aqui. Em primeiro lugar, é claro que não basta retirar uma pessoa, é preciso retirar as pessoas em torno dele, pois provavelmente elas tinham um plano B, de como agir em caso de perda do chefe e esse plano, provavelmente, não era útil para Vladimir Putin. Portanto, o ideal é eliminá-los todos juntos, o que, de fato, aconteceu.”
A "pista mais óbvia"
Nas redes sociais, contas próximas do Wagner já sugeriam na noite de quarta-feira que um míssil terra-ar tinha sido disparado para explicar a tragédia, alimentando especulações de que ele teria sido assassinado.
Durante a revolta armada de 24 horas, Vladimir Putin teve dificuldade em esconder a sua raiva, acusando Prigozhin de "traição".
Embora algumas pessoas online sugiram que o líder mercenário encenou o seu desaparecimento, Margarita Simonian, a responsável da RT, um dos meios de comunicação estatais, e uma firme apoiante de Putin, não acredita nisso.
“Pessoalmente, estou inclinada para a pista mais óbvia”, escreveu ela no X, o antigo Twitter.
Durante a noite, algumas pessoas reuniram-se em frente à sede do Wagner, em São Petersburgo, colocando cravos vermelhos, velas, caveiras e ossos cruzados em frente ao prédio.
Inimigo público desde junho
De 23 para 24 de junho, Yevgeny Prigozhin liderou uma rebelião contra o Estado-Maior russo e o ministro da Defesa, Sergei Shoigu, marchando sobre Moscou, tomando um quartel-general militar e abatendo aviões do exército russo.
O motim foi abandonado após mediação do presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko.
O acordo previa que Prigozhin se exilasse na Bielorrússia, juntamente com os homens que desejassem segui-lo, e que todas as acusações fossem retiradas, mas o chefe do Grupo Wagner continuou a ir à Rússia e até ao Kremlin.
Na noite de segunda-feira tinha surgido num vídeo em que afirmava estar em África para “tornar a Rússia ainda maior”.