Moscovo tenta legitimar presença com "eleições" organizadas sob regime de lei marcial nos territórios ocupados na Ucrânia
No outono do ano passado, Moscovo introduziu a lei marcial nas quatro regiões ucranianas que ocupa ilegalmente, poucos dias depois de decretar a anexação.
A legislação que permite a realização de eleições nas regiões sob lei marcial, foi assinada pelo Presidente russo Vladimir Putin em maio.
Os líderes nomeados pelo Kremlin para o comando nessas regiões podem fazer alterações à organização das supostas "eleições", como por exemplo realizar a votação em assembleias de voto fora da região, na Rússia.
Dmitry Oreshkin, cientista político russo: _"Em geral, as eleições na Rússia de Putin são um procedimento ritual. As eleições, enquanto mecanismo de mudança de poder, já não se podem chamar eleições._O seu significado é o seguinte: o primeiro é a propaganda, quando é necessário demonstrar a todo o mundo que a situação está sob controlo, que existe um apoio de massas a nível nacional. O segundo é o significado ritual. É muito importante, para uma parte significativa do eleitorado de Putin, uma imagem de que tudo está sob controlo. E, em terceiro lugar, trata-se de um teste à eficácia dos líderes regionais. O processo não tem nada a ver com democracia."
Jornalistas russos independentes descobriram que cerca de 70% dos candidatos que participam nas supostas "eleições" organizadas por Moscovo são residentes das regiões ocupadas.
Tal como aconteceu com o contestado "referendo" que conduziu à anexação da Crimeia em 2014, estima-se que a possibilidade de candidaturas e votos sob coação é bastante elevada.
Oleksiy Haran, professor de Política Comparada, Universidade de Kiev:"As Convenções de Genebra, nas quais a Rússia também participa formalmente, proíbem categoricamente a realização de quaisquer eleições pelo agressor nos territórios ocupados. Para nós, essas eleições não existem. Nem para toda a comunidade internacional. Isto é um espetáculo de propaganda."
O Ocidente não reconheceu os resultados dos supostos "referendos" de incorporação das regiões de Lugansk, Donetsk, Kherson e Zaporíjia na Rússia e condenou as ações de Moscovo.
O presidente ucraniano assinou um decreto que declara nulos e sem efeito todos os actos legislativos russos nos territórios ucranianos ocupados.