Venezuela desqualifica candidata presidencial da oposição María Corina Machado

Nicolás Maduro
Nicolás Maduro Direitos de autor Jesus Vargas/Copyright 2024 The AP. All rights reserved.
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De  Euronews com AP
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O Supremo Tribunal da Venezuela confirmou a proibição da candidatura presidencial de María Corina Machado, opositora de Maduro e que conta com o apoio dos Estados Unidos. Machado, ex-advogada, venceu as primárias presidenciais independentes da oposição com 90% dos votos a favor.

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A perspetiva de umas eleições presidenciais livres na Venezuela foi duramente abalada na sexta-feira, quando o Supremo Tribunal confirmou a proibição da candidatura de María Corina Machado, uma antiga inimiga do governo de Maduro e vencedora das eleições primárias do partido de oposição apoiado pelos Estados Unidos.

A decisão ocorreu meses depois do presidente Nicolás Maduro e a oposição apoiada pelos Estados Unidos chegarem a um acordo para nivelar as opções políticas antes das eleições deste ano. Acordo que levou Washington a aliviar as sanções económicas ao governo venezuelano.

Maria Corina Machado venceu as primárias presidenciais com 90% das fotos a favor

Ex-advogada de profissão, Machado ganhou as primárias presidenciais realizadas pela oposição em outubro de forma independente com mais de 90% dos votos a favor. A vitória ocorreu num momento em que o governo decretou uma interdição de candidatar-se a cargos por um período de 15 anos. Machado insistiu durante toda a campanha que nunca recebeu uma notificação oficial dessa "Lei Seca" e afirma que cabe aos eleitores, as legítimas decisões sobre a sua candidatura.

Depois da sentença proferida pelo tribunal na sexta-feira, Maria Corina Machado tuitou que a "luta para conquistar a democracia através de eleições livres e justas" da sua campanha não terminou. " Maduro e o seu sistema criminoso escolheram o pior caminho para eles: eleições fraudulentas ", escreveu. " Isso não vai acontecer."

Machado tinha apresentado uma ação no Supremo Tribunal de Justiça da Venezuela em dezembro, argumentando que a proibição era nula e solicitando uma ordem judicial para proteger os seus direitos políticos. No entanto, o tribunal confirmou a proibição, que alega fraude e violações fiscais e acusa a candidata de responsabilidade pelas as sanções económicas que os Estados Unidos impuseram à Venezuela na última década.

EUA aliviam sanções contra a Venezuela após um acordo para umas eleições abertas

Os Estados Unidos aliviaram algumas das sanções às indústrias de petróleo, gás e mineração da Venezuela em outubro, depois do governo de Maduro e o grupo opositor conhecido como El Unitário Plataforma assinarem um acordo que aborda as condições eleitorais. O pacto também levou a uma troca de prisioneiros entre Washington e Caracas em dezembro.

Assinado na ilha caribenha das Barbados, o acordo permitiu antecipar as eleições presidenciais para a segunda metade de 2024 e exortou ambas as partes a "promoverem a participação de todos os candidatos presidenciais e autorizar partidos políticos" para participarem, desde que cumpram a lei. Esta última disposição obrigou o governo a aceitar que os candidatos proibidos de concorrerem a cargos políticos recorressem dessa proibição.

A administração do presidente norte-americano Joe Biden ameaçou reverter parte do alívio das sanções se o governo de Maduro não levantar as proibições que impedem Maria Corina Machado e outros candidatos de concorrerem a cargos públicos.

2,4 milhões de pessoas votaram nas primárias da oposição

A oposição apoiada pelos Estados Unidos surpreendeu aliados e adversários quando mais de 2,4 milhões de pessoas votaram nas primárias, inclusive em bairros considerados durante muito tempo bastiões do partido governante. A alta participação ocorreu entre as contínuas lutas económicas da Venezuela, apesar dos esforços do governo para desencorajar os eleitores de votarem.

Após a votação, Maduro e os seus aliados qualificaram as primárias da oposição como fraudulentas. O Procurador-Geral Tarek William Saab abriu investigações criminais contra alguns dos organizadores e posteriormente emitiu ordens de prisão para alguns dos colaboradores de Machado.

Governo de Maduro vincula a oposição a "conspirações"

Nas últimas duas semanas, Maduro, Saab e Jorge Rodríguez, líder da Assembleia Nacional e principal negociador do governo, ligaram apoiantes da oposição e pessoas próximas de Machado a uma série de supostas conspirações que, segundo afirmam, foram concebidas para assassinar o presidente e os seus círculos internos. Rodríguez, sem mencionar Machado, tuitou na sexta-feira que "apesar das graves ameaças de setores de extrema direita contra a paz da República", em referência às supostas conspirações, "foi respeitado o mecanismo estabelecido no âmbito dos Acordos das Barbados".

Rodriguez prometeu realizar eleições presidenciais este ano. Maduro tentará adicionar mais seis anos à sua presidência de uma década marcada por uma crise política, social e económica. Sob a liderança de Maduro, milhões de venezuelanos caíram na pobreza e mais de 7,4 milhões migraram.

Maduro limita liberdades democráticas da Venezuela

Um painel apoiado pela ONU, que investiga abusos contra os direitos humanos na Venezuela, determinou em setembro que o governo de Maduro intensificou os esforços para limitar as liberdades democráticas antes das eleições de 2024. Isso inclui a detenção, vigilância, ameaças, campanhas difamatórias e processos penais arbitrários de alguns políticos, defensores dos direitos humanos e outros opositores.

As campanhas eleitorais na Venezuela geralmente envolvem entregas de alimentos, eletrodomésticos e outros bens gratuitos em nome dos candidatos do partido do governo, que também obtêm uma cobertura favorável da imprensa estatal. Os candidatos da oposição e os seus apoiantes esforçam-se por encontrar locais para se reunirem sem o assédio dos ativistas do governo e por obterem combustível para viajar pelo país.

Uma prática governamental comum para marginalizar os adversários é proibi-los de ocupar cargos públicos, e não se limita às disputas presidenciais. Esta proibição foi usada retroativamente em 2021 para destituir o candidato a governador Freddy Superlano quando ele estava à frente de um irmão do falecido presidente Hugo Chávez, mas ainda não tinha sido declarado vencedor. O substituto do Super Lano também foi expulso das urnas por sanção.

Na sexta-feira, o tribunal também confirmou a proibição imposta ao ex-governador e duas vezes candidato à presidência Henrique Capriles, que abandonou a corrida primária antes da votação. " O que nunca poderão proibir é o desejo de MUDANÇA dos venezuelanos", tuitou Carpiles. "Hoje, mais do que nunca, nada nem ninguém, nos tire da rota eleitoral". 

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