Úlltimo balanço das autoridades russas dá conta de pelo menos 15 mortos e 20 feridos após ataque com mísseis a edifício de apartamentos na cidade russa de Belgorod, atribuído por Moscovo à Ucrânia. Forças de Kiev admitem que situação em Kharkiv é "difícil".
Pelo menos 15 pessoas morreram e 20 ficaram feridas este domingo na sequência de um ataque com mísseis a um edifício de apartamentos de dez andares na cidade russa de Belgorod, atribuído por Moscovo à Ucrânia.
Segundo as autoridades russas, o edifício ruiu parcialmente depois de ter sido atingido por fragmentos de um míssil, lançado pela Ucrânia e abatido pela Rússia.
Num dos ataques mais mortíferos até à data na região de Belgorod, a Rússia acusa a Ucrânia de ter usado pelo menos 12 mísseis, incluindo mísseis balísticos Tochka e sistemas de rockets de lançamento múltiplo Adler e RM-70 Vampire.
Belgorod fica perto da fronteira ucraniana e é considerada uma paragem vital para as linhas de abastecimento russas. O Ministério da Defesa russo considerou os bombardeamentos de domingo um "ataque terrorista contra zonas residenciais". O Comité de Investigação da Rússia anunciou no domingo que tinha aberto um processo criminal de "ato terrorista". O governador de Belgorod condenou o que disse serem "bombardeamentos maciços" do exército ucraniano.
A defesa aérea russa abateu vários outros mísseis sobre a região de Belgorod, bem como dois drones que foram destruídos num incidente separado no domingo.
A cidade russa perto da fronteira com a Ucrânia também esteve sob fogo no sábado à noite, numa investida que resultou na morte de uma pessoa, deixando outras 29 feridas, de acordo com o governador de Belgorod.
As cidades do oeste da Rússia, em especial Belgorod, têm sido atacadas regularmente por drones desde maio de 2023, com as autoridades russas a culparem Kiev.
A Ucrânia nunca reconheceu a responsabilidade por ataques em território russo ou na península da Crimeia.
Batalhas duras a norte de Kharkiv
As forças ucranianas e russas estão envolvidas em "combates ferozes" em grande parte da fronteira na região de Kharviv com a Rússia, afirmou o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy, na intervenção na noite de domingo.
Volodymyr Zelenskyy referiu que algumas aldeias, anteriormente pacíficas, se transformaram em zonas de combate.
"A nossa tarefa é óbvia - temos de infligir o maior número possível de perdas ao ocupante", declarou Zelenskyy.
O presidente ucraniano destacou especificamente a situação "muito difícil" perto de Vovchansk, onde as forças ucranianas estão sob forte pressão dos russos.
Residentes abandonam Vovchansk
Milhares de civis fugiram da nova ofensiva terrestre da Rússia no nordeste da Ucrânia. As cidades e aldeias desta região têm sido atacadas com fogo de artilharia e morteiros. A maioria dos residentes retirados eram idosos.
Pelo menos quatro mil civis fugiram da região de Kharkiv desde sexta-feira, quando as forças de Moscovo lançaram a operação, confirmou o governador local.
Os intensos combates obrigaram pelo menos uma unidade ucraniana a retirar na região de Kharkiv, cedendo mais terreno às forças russas em povoações menos defendidas na chamada "zona cinzenta" disputada ao longo da fronteira russa.
Na tarde de domingo, a cidade de Vovchansk, com uma população de 17 mil habitantes antes da guerra, foi o ponto principal da batalha.
Volodymyr Tymoshko, chefe da polícia regional de Kharkiv, disse que as forças russas estavam nos arredores da cidade e se aproximavam vindas de três direções.
Um tanque russo foi avistado ao longo de uma das principais estradas que conduzem à cidade, disse Tymoshko, ilustrando a confiança de Moscovo em utilizar armamento pesado.
Uma equipa da Associated Press, posicionada numa aldeia próxima, viu nuvens de fumo sobre a cidade à medida que as forças russas lançavam obuses.
No domingo, registaram-se fortes combates ao longo da linha da frente a nordeste, onde as forças russas atacaram 27 povoações nas últimas 24 horas.
O Ministério da Defesa russo anunciou que as suas forças capturaram quatro aldeias em Kharkiv, para além das cinco aldeias que tinham sido tomadas no sábado. A Ucrânia não confirma estas informações.
Putin demite Shoigu
O presidente russo, Vladimir Putin, demitiu o seu aliado de longa data, Sergei Shoigu, do cargo de ministro da Defesa, na mais importante remodelação do comando militar desde que as tropas russas invadiram a Ucrânia, há mais de dois anos.
O Kremlin anunciou que Andrei Belousov, antigo vice-primeiro-ministro especializado em economia, irá substituir Shoigu. Putin propôs que Shoigu assumisse o cargo de secretário do Conselho de Segurança da Rússia.