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Aborto, imigração, ataque ao Capitólio - como foi o debate entre Kamala Harris e Donald Trump

Os alunos do Dr. Christopher Terry assistem ao debate entre o candidato presidencial republicano e democrata no Murphy Hall da Universidade do Minnesota, na terça-feira, 10 de
Os alunos do Dr. Christopher Terry assistem ao debate entre o candidato presidencial republicano e democrata no Murphy Hall da Universidade do Minnesota, na terça-feira, 10 de Direitos de autor Kerem Yucel/AP
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De  Euronews com AP
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Kamala Harris e Donald Trump partilharam o mesmo palco pela primeira vez, no debate no National Consitution Center, em Filadélfia. Economia, aborto, imigração e ataque ao Capitólio foram os temas centrais.

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À hora marcada, 21:00s locais, os dois candidatos presidenciais entraram em palco. Kamala Harris fez questão de se dirigir a Donald Trump, apertando-lhe a mão e apresentado-se: “Kamala Harris. Vamos ter um bom debate”, disse-lhe. Trump respondeu: "Prazer em vê-la. Vamos desfrutar".

Começava assim aquele que será, provavelmente, o único debate entre os dois candidatos antes das eleições presidenciais de novembro - ainda que a equipa de Harris já tenha vindo propor um segundo debate, logo após o final do primeiro.

Durante o debate de 90 minutos na noite de terça-feira, Trump e Harris discutiram sobre o aborto, a imigração, a economia ou política externa. A primeira pergunta do jornalista e moderador David Muir - que conduziu o debate juntamente com Linsey Davis - foi sobre economia, questionando os candidatos sobre se os americanos estariam melhor agora, em termos económicos, do que estavam há quatro anos.

Harris foi a primeira a responder, ordem estabelecida por um sorteio prévio, e aproveitou para lembrar as suas raízes e educação. “Eu fui criada na classe média e sou a única pessoa neste palco com um plano que visa levantar a classe média e os trabalhadores da América. Acredito na ambição, nas aspirações, nos sonhos dos americanos e é por isso que imagino ter um plano para construir o que será uma economia de oportunidades”, começou por dizer.

A candidata democrata referiu ainda os elevados custos da habitação, que pretende combater, e prometeu redução de impostos para as pequenas e médias empresas. “O meu adversário vai fazer o contrário, cortar impostos aos milionários", atacou.

Donald Trump começou a sua intervenção a responder à opositora: “Em primeiro lugar, não há nenhum imposto sobre as vendas e isso está completamente errado”.

O antigo presidente contra-atacou e lembrou que aplicou tarifas a “vários países do mundo” e referiu a inflação. “A economia é terrível porque a inflação é algo que destrói os países”.

Aproveitou a primeira resposta sobre economia para introduzir o seu tema bandeira, as migrações. “Milhares de pessoas entram no país e estão ocupá-lo. São estas pessoas que esta senhora e o presidente Biden deixaram entrar no nosso país, estão a destrui-lo”.

Harris afirmou que Trump "deixou o país com o pior nível de desemprego desde a Grande Depressão e o pior ataque à democracia dos Estados Unidos desde a Guerra Civil", numa referência ao ataque ao Capitólio dos Estados Unidos de 6 de janeiro.

“O que fizemos foi limpar a porcaria de Donald Trump”, afirma Harris. A vice-presidente democrata também alertou para os perigos das políticas enumeradas no Projeto 2025, ao que Trump respondeu rapidamente: “Não tenho nada que ver com o Projeto 2025", afirmou, acrescentando ainda que nem o tinha lido. Mas muitas pessoas envolvidas no Projeto 2025, concebido pela direita conservadora norte-americana com vista a uma vitória nas presidenciais, trabalharam na administração Trump.

Lei do aborto

Os candidatos discutiram também sobre os direitos reprodutivos, questão que tem sido dominante desde que o Supremo Tribunal anulou o direito constitucional ao aborto em 2022.

Harris fez um discurso inflamado sobre os direitos reprodutivos e afirmou que “Donald Trump não deveria estar a dizer a uma mulher o que fazer com o seu corpo”. Harris advertiu ainda que o ex-presidente irá decretar uma proibição nacional do aborto se ganhar.

"Isso é uma mentira", declarou Trump, em resposta. "Não vou assinar uma proibição e não há razão para assinar uma proibição”.

O republicano acusou, no entanto, os democratas de serem “radicais” sobre a questão, dizendo que apoiam o aborto até o nono mês de gravidez.

Trump desafiou Harris e perguntou-lhe mesmo se ela permitiria o aborto no terceiro trimestre. Kamala respondeu-lhe com um olhar reprovador e o magnata continuou a acusar os democratas de "permitirem o aborto até depois do nascimento". A moderadora Linsey Davis esclareceu que não há nenhum estado norte-americano onde seja legal matar uma criança depois de ela nascer.

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Os democratas, em geral, apoiam a lei que permitie aos estados restringirem o aborto após o ponto de viabilidade fetal, cerca de 24 semanas de gravidez.

Trump assumiu o crédito pela decisão do Supremo Tribunal de Justiça de 2022 e sublinhou que a interrupção voluntária da gravidez deve ser deixada ao critério dos Estados.

Imigração

Já com os ânimos mais acesos, o tema da agenda de Donald Trump veio a debate: a política de imigração.

Harris acusou Trump de preferir perseguir o "problema" em vez de o resolver e referiu a necessidade de perseguir organizações criminosas e de adotar um projeto de lei sobre segurança fronteiriça que teria acrescentado mais agentes e recursos na fronteira. “Mas sabe o que aconteceu com esse projeto de lei? Donald Trump pegou no telefone, ligou para algumas pessoas no Congresso e disse para matarem o projeto", acusou.

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Harris referiu também o discurso de Trump nos comícios sobre o tema. “Durante o seu comício, ele fala de personagens fictícias como Hannibal Lecter; moinhos de vento que causam cancro e as pessoas começam a abandonar os seus comícios mais cedo por exaustão e tédio", acusou.

Os moderadores confrontaram Trump com o facto de ter boicotado o projeto de lei da imigração, mas o candidato republicano focou-se no ataque de Harris aos seus comícios. “As pessoas não vão aos comícios dela”, disse Trump. “As pessoas não abandonam os meus comícios”.

Nesta altura, repetiu a afirmação sobre imigrantes que comem animais de estimação - que já se tornou viral nas redes sociais.

“Muitas cidades não querem falar sobre isso porque estão muito envergonhadas. Em Springfield, estão a comer os cães, as pessoas que vieram para cá. Estão a comer os gatos. Estão a comer os animais de estimação das pessoas que lá vivem”, disse Trump, enquanto Harris se ria.

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David Muir fez questão de relembrar que o porta-voz da cidade já tinha dito no início da semana, à CBS News, não haver relatos "credíveis ou alegações específicas” sobre o tema.

Ainda com um semblante incrédulo mas trocista, Harris rematou. “Quando ouvimos este tipo de retórica, quando as questões que afetam o povo americano não estão a ser abordadas, penso que a escolha é clara nestas eleições", rematou.

Campanha de 2020: Harris mudou e Trump perdeu?

A vice-presidente foi também confrontada com a mudança de posições políticas desde a campanha de 2020, nomeadamente sobre a proibição do fracking (técnica controversa que envolve a extração de gás e petróleo de formações rochosas), a segurança nas fronteiras e programas de recompra de armas de assalto.

“Os meus valores não mudaram”, disse Harris que reafirmou a sua posição sobre a técnica de fracking. "A América precisa de investir em diversas fontes de energia para reduzir a nossa dependência do petróleo estrangeiro”, disse. Quanto às outras questões, foi mais vaga, citando o seu percurso pessoal e os seus valores na proteção das mulheres e crianças e a defesa de pessoas vulneráveis.

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“A verdadeira medida do líder é o líder que realmente entende que a força não está em bater nas pessoas, mas sim em elevá-las - eu pretendo ser essa presidente", rematou.

Com a campanha anterior em cima da mesa, Trump foi confrontado com a sua derrota nas eleições anteriores, que se recusou a assumir.

David Muir perguntou-lhe se agora reconhecia que perdeu para Biden em 2020, depois de anos a negar a realidade da derrota. “Não, eu não reconheço isso de forma alguma”, afirmou Trump.

Harris reagiu com a referência a um programa de televisão em que Donald Trump ficou conhecido, The Apprentice, em que a frase "You're fired" ("Estás despedido") marcava o tom do reality show. “Donald Trump foi despedido por 81 milhões de pessoas”, ironizou.

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O ataque ao Capitólio

O ataque ao Capitólio a 6 de janeiro também foi tema no debate entre Trump e Harris.

No início do debate, Kamala referiu-se a este acontecimento como o "maior ataque à democracia" e dizendo que foi provocado por Trump.

Questionado sobre a sua relação com os acontecimentos, Trump recusou-se a dizer se tinha algum arrependimento e continuou a menosprezar o assunto e a sua alegada ligação à invasão.

"Eu estava no Capitólio no dia 6 de janeiro”, começou por responder Harris. “Naquele dia, o presidente dos EUA incitou uma multidão violenta”.

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Kamala Harris acusou o seu adversário de ter esta forma de estar, de o incitamento à violência não ser uma "situação isolada", e fez um apelo ao país: “Para todos os que estão a assistir e que se lembram do que foi o dia 6 de janeiro, eu digo: não temos de voltar atrás. É altura de virar a página".

Guerra na Ucrânia e Médio Oriente

Outro ponto de discórdia entre os dois candidatos foi o conflito em Gaza.

A vice-presidente Kamala Harris voltou a sublinhar a sua convicção numa solução de dois Estados que permita a Israel defender-se, nomeadamente das ameaças do Irão, e a reconstrução de Gaza,"onde os palestinianos tenham segurança, autodeterminação e a dignidade que tão justamente merecem”, disse.

Donald Trump contra-atacou e afirmou que a guerra nunca teria acontecido se ele fosse presidente, dizendo várias vezes que Harris “odeia Israel”.

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Harris negou a alegação e respondeu dizendo que Trump está “a tentar novamente dividir e distrair” da realidade de que está errado em matéria de segurança nacional e política externa. “É bem sabido que ele admira ditadores, quer ser um ditador no primeiro dia, segundo ele próprio”, acrescenta.

De conflito em conflito, Trump recusou-se a tomar partido quando questionado sobre se queria que a Ucrânia ganhasse a guerra contra a Rússia. “Quero que a guerra acabe”, declarou.

Declarações finais

Kamala Harris foi a primeira a apresentar o seu discurso de encerramento e prometeu ser uma presidente para todos.

“Penso que ouviram esta noite duas visões muito diferentes para o nosso país - uma que se centra no futuro e outra que se centra no passado, e uma tentativa de nos fazer recuar”, disse Harris. “Mas nós não vamos recuar”.

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Harris voltou a insistir na criação de uma "economia de oportunidades" com investimento nas pequenas empresas e ajudar a baixar o custo de vida das famílias.

Trump foi o último a falar e centrou-se no ataque à sua adversária. “Ela começou por dizer que vai fazer isto, que vai fazer aquilo, que vai fazer todas estas coisas maravilhosas”, disse Trump. “Por que não fez isso?”, acrescentou, aludindo ao ser cargo de vice-presidente.

O ex-presidente atacou ainda a administração Harris-Biden que, em três anos e meio, nada fez para criar empregos e proteger a fronteira.

Trump acusou ainda Harris de estar alienada daquilo em que o povo americano acredita. “Ela acredita em coisas que o povo americano não acredita”, disse, descrevendo Harris como "a pior vice-presidente da história" dos EUA.

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