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Violência sexual nos transportes públicos franceses atinge níveis recorde

Um passageiro dentro de uma carruagem de metro, no bairro de Oberkampf, a leste de Paris, França, 26 de outubro de 2023.
Um passageiro dentro de uma carruagem de metro, no bairro de Oberkampf, a leste de Paris, França, 26 de outubro de 2023. Direitos de autor  AP Photo/Themba Hadebe
Direitos de autor AP Photo/Themba Hadebe
De Oman Al Yahyai
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Um relatório do Observatório Nacional da Violência contra as Mulheres concluiu que sete em cada dez mulheres da região de Île-de-France foram alvo de alguma forma de violência sexual nos transportes públicos.

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O número de vítimas de violência sexual nos transportes públicos atingiu um nível recorde em França no ano passado, revela um relatório recente.

O estudo, publicado esta segunda-feira pelo Observatório Nacional da Violência contra as Mulheres, revela que o número anual de vítimas aumentou 86% desde 2016.

Em 2024, 3.374 vítimas de violência sexual nos transportes públicos foram contabilizadas pela polícia, 6% mais do que no ano anterior e 9% acima dos números observados em 2022, de acordo com o relatório.

As formas de abuso destacadas pelo estudo incluem o assédio sexual, bem como a violação e a tentativa de violação.

Mais de nove em cada 10 vítimas eram mulheres, sendo que 75% delas tinham menos de 30 anos.

A zona mais afetada do país foi a região de Île-de-France, onde se registaram 44% dos incidentes e onde sete em cada dez mulheres afirmaram ter sido vítimas de violência sexual nos transportes públicos em algum momento das suas vidas.

Manon Marguerit, investigadora de temas de planeamento urbano na Universidade Gustave-Eiffel, afirmou que "os agressores que nos vêm sempre à cabeça são os exibicionistas e os apalpadores", sendo "verdade que certas caraterísticas dos espaços de transporte público - como o confinamento, a sobrelotação e a impossibilidade de sair do veículo - podem conduzir a estas formas específicas de violência sexual".

"Estes incidentes são uma realidade, mas dominam a perceção pública, ofuscando outras formas de violência", observou, citando os insultos sexistas e os toques indesejados como dois exemplos.

"Demasiadas vezes considerados triviais, estes comportamentos podem causar traumas significativos a quem passa por eles", referiu ainda Marguerit.

O relatório refere que 96% dos agressores são homens e que 21% dos casos foram cometidos por várias pessoas em simultâneo.

O relatório acrescenta que muitas mulheres têm relutância em denunciar os abusos, receando que não sejam levadas a sério ou que as autoridades não possam atuar.

Em consequência, apenas 7% das vítimas apresentam queixa na polícia, segundo o estudo.

O relatório revela ainda que mais de um terço das vítimas declarou sentir-se envergonhada, ao passo que 70% destas pessoas sentiram raiva e 60% manifestaram um desejo de mudança social.

Muitas mulheres que utilizam os transportes públicos adotam estratégias de evasão, como a alteração dos percursos, dos horários de viagem ou mesmo do vestuário, segundo o relatório.

Entre 2005 e 2024, foram registados 152 casos de violência sexual por parte de motoristas de ambulâncias, autocarros e transportes escolares, sendo que 67% das vítimas eram menores e 23% eram pessoas com deficiência.

O Observatório Nacional da Violência contra as Mulheres apelou a uma verificação mais rigorosa dos antecedentes e a um controlo reforçado dos trabalhadores do setor dos transportes, a fim de evitar que os infratores reincidentes permaneçam em posições de autoridade.

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