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ONU diz que Irão poderá voltar a enriquecer urânio em "meses"

O ministro dos Negócios Estrangeiros, Abbas Araghchi, à direita, aperta a mão ao diretor-geral da Agência Internacional da Energia Atómica (AIEA), Rafael Mariano Grossi, em Teerão, a 16 de abril de 2025.
O ministro dos Negócios Estrangeiros, Abbas Araghchi, à direita, aperta a mão ao diretor-geral da Agência Internacional da Energia Atómica (AIEA), Rafael Mariano Grossi, em Teerão, a 16 de abril de 2025. Direitos de autor  AP/AP
Direitos de autor AP/AP
De Lucy Davalou
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Em entrevista à CBS News, o líder da Agência Internacional de Energia Atómica, Raphael Grossi, deixou claro que "não se pode afirmar que tudo desapareceu" após os ataques dos EUA às centrais nucleares do Irão.

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O Irão poderá retomar o enriquecimento de urânio numa "questão de meses", segundo Rafael Grossi, diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) das Nações Unidas (ONU).

Durante uma entrevista à FOX News, no domingo, o presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, afirmou que as sanções contra o Irão podem ser levantadas se o país concordar em avançar de forma pacífica: "Temos as sanções. Mas se eles fizerem o que têm de fazer, se conseguirem ser pacíficos e se nos mostrarem que não vão causar mais danos, eu revogá-las-ia, e isso faria uma grande diferença", disse Trump.

Em 22 de junho, os Estados Unidos lançaram vários ataques conjuntos ao lado de Israel contra três instalações nucleares do Irão: Fordo, Natanz e Isfahan. Trump afirmou que as instalações foram "totalmente destruídas" e que os ataques fizeram recuar o programa nuclear iraniano "em décadas".

Mas Grossi apresentou à CBS News no sábado uma outra versão: "As capacidades que eles têm estão lá. Podem ter,... numa questão de meses, diria eu, algumas centrifugadoras a girar e a produzir urânio enriquecido". E acrescentou: "Mas, como disse, falando francamente, não se pode afirmar que tudo desapareceu e que não há nada lá".

Diferentes vozes sobre a extensão dos danos

Em 25 de junho, uma avaliação preliminar do Pentágono, que foi divulgada, concluiu também que o programa nuclear iraniano poderá só ter sofrido um atraso de alguns meses. Na sequência da divulgação do relatório, o presidente dos EUA, Donald Trump, ameaçou forçar os jornalistas a revelar quem divulgou o relatório que contradizia a sua narrativa sobre os bombardeamentos do Irão.

No Irão, por um lado, o líder supremo, Ayatollah Ali Khamenei, afirmou que os ataques não tinham conseguido nada de significativo, mas, por outro, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Abbas Araghchi, disse que foram causados danos "excessivos e graves".

O líder da AIEA pediu para inspecionar as instalações danificadas, mas Teerão rejeitou e, na quarta-feira, votou a favor da suspensão das suas relações com a AIEA, acusando-a de estar do lado de Israel e dos EUA, uma vez que não condenou os ataques contra o Irão.

Mas Grossi mantém a esperança de que a AIEA consiga restabelecer a sua relação com Teerão.

"Tenho de me sentar com o Irão e analisar esta questão, porque no final do dia, depois dos ataques militares, teremos de ter uma solução duradoura, que não pode ser senão diplomática", disse Grossi.

Em 2015, o Irão e as potências mundiais chegaram a um acordo nuclear que impediu Teerão de enriquecer urânio com um grau de pureza superior a 3,67% - o limite estabelecido para utilização nuclear civil - e de realizar enriquecimento na sua central de Fordo até 2030.

O Irão, que sempre insistiu que o seu programa nuclear é pacífico, é signatário do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP) e é obrigado a submeter-se às inspeções da AIEA.

Mas, em 2018, Trump retirou os EUA do acordo, afirmando que este não fazia o suficiente para bloquear o caminho do Irão para uma arma nuclear, e restabeleceu as sanções americanas.

Em contrapartida, Israel não faz parte do TNP e, embora o estado hebraico nunca tenha dito se possui ou não armas nucleares, de acordo com o Instituto Internacional de Investigação para a Paz de Estocolmo, estima-se que o país tenha pelo menos 80 armas nucleares.

Israel começou a atacar o Irão em 13 de junho, alegando que a Republica Islâmica estava perto de construir uma arma nuclear.

Após uma guerra de 12 dias, o Irão e Israel acordaram um cessar-fogo, mas Trump disse que consideraria "absolutamente" a hipótese de voltar a bombardear o Irão se os serviços secretos encontrassem provas suficientes de que o enriquecimento de urânio por Teerão atingiu níveis preocupantes.

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