Um relatório dos serviços secretos norte-americanos contradiz as declarações anteriores de Trump, nas quais este afirmava que a operação dos EUA dirigida a instalações nucleares iranianas "obliterou" o programa nuclear do país, fazendo-o recuar muitos anos.
Um novo relatório dos serviços secretos norte-americanos concluiu que o programa nuclear iraniano apenas sofreu um retrocesso de alguns meses depois de os ataques dos EUA terem atingido três instalações nucleares do país na semana passada.
O relatório divulgado pela Agência de Inteligência de Defesa dos EUA (DIA) - braço de inteligência do Pentágono - contradiz as declarações feitas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, no sábado à noite, imediatamente após a conclusão do que chamou de uma operação "direcionada e precisa".
Trump afirmou, numa conferência de imprensa transmitida pela televisão, juntamente com o seu vice-presidente, JD Vance, o secretário de Estado, Marco Rubio, e o ecretário da Defesa, Pete Hegseth, que os ataques de Washington tinham "obliterado completa e totalmente" as instalações nucleares do Irão.
Trump declarou que as instalações nucleares iranianas de Fordow, Natanz e Isfahan sofreram danos que as fazem recuar anos. As instalações foram atacadas por bombas "bunker buster" americanas de 30 000 pounds (13 600 kg).
Embora as imagens de satélite tenham mostrado danos significativos nas instalações, o relatório sugere que a maior parte dos danos se limitou às estruturas acima do solo.
Na instalação de enriquecimento de urânio de Fordow, o local mais bem protegido do Irão, situado em profundidade no subsolo, a entrada ruiu e a infraestrutura sofreu danos, necessitando de tempo para reparações.
No entanto, as infraestruturas subterrâneas permanecem intactas, como afirmou um funcionário familiarizado com a situação. As conclusões do relatório mostraram também que uma parte do urânio altamente enriquecido do Irão foi retirada de vários locais antes do início dos ataques dos EUA.
O relatório afirmava que Teerão tinha transferido o urânio para outras instalações nucleares secretas que mantém. A DIA concluiu também que a maior parte das centrifugadoras do Irão estão praticamente intactas.
A Casa Branca contestou fortemente a avaliação, dizendo que está "completamente errada".
"A fuga desta alegada avaliação é uma tentativa clara de rebaixar o presidente Trump e desacreditar os corajosos pilotos de caça que conduziram uma missão perfeitamente executada para obliterar o programa nuclear do Irão", disse a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, num comunicado.
"Toda a gente sabe o que acontece quando se lançam catorze bombas de mais de 13 mil quilos perfeitamente nos seus alvos: obliteração total", acrescentou.
Trump disse em comentários e publicações nas redes sociais nos últimos dias, incluindo terça-feira, que os ataques deixaram os locais no Irão "totalmente destruídos" e que o Irão nunca irá reconstruir as suas instalações nucleares.
Também Netanyahu afirmou ter destruído o programa nuclar do país. "Durante dezenas de anos, prometi-vos que o Irão não teria armas nucleares e, de facto, arruinámos o programa nuclear iraniano", afirmou Netanyahu numa declaração transmitida pela televisão na terça-feira.
Após o cessar-fogo anunciado por Donald Trump, mediado pelos EUA e pelo Qatar, o primeiro-ministro israelita afirmou que a sua campanha de 12 dias contra o Irão foi uma "vitória histórica".
"Removemos duas ameaças existenciais iminentes - a ameaça de aniquilação por bombas nucleares e a ameaça de aniquilação com 20 mil mísseis balísticos".
O Irão disse na terça-feira que estava pronto para regressar à mesa de negociações com os Estados Unidos. Teerão afirmou, no entanto, que continuará sempre a defender os seus "direitos legítimos" e responderá a qualquer violação israelita das atuais tréguas.