O casal presidencial decidiu apresentar uma queixa contra Candace Owens, uma influenciadora de extrema-direita, que publicou uma série de oito episódios em que afirma que Brigitte Macron já foi um homem.
Emmanuel e Brigitte Macron avançaram esta quarta-feira com um processo por difamação nos EUA contra a influenciadora norte-americana de extrema-direita Candace Owens.
O casal presidencial francês acusa Owens de ter difundido e explorado a tese de que Brigitte Macron "nasceu homem" para "promover a sua plataforma independente, ganhar notoriedade e fazer dinheiro".
Na queixa apresentada no Tribunal Superior de Delaware, afirmam que a comentadora apoiante de Trump conduziu "uma campanha mundial de humilhação" e "assédio implacável". Também alegam ter sofrido "danos consideráveis à reputação".
A queixa contém vinte e duas acusações e o casal presidencial pede uma indemnização "exemplar".
"Dado que Candace Owens reafirmou sistematicamente estas mentiras, concluímos finalmente que a única solução que nos resta é levar o caso a tribunal", declararam num comunicado de imprensa, assegurando que tentaram várias vezes estabelecer um diálogo.
O seu advogado garantiu-lhes, segundo os Macron, que a influenciadora estava perfeitamente consciente da falsidade das declarações e que sempre recusou pedidos de correção. Os dois estão preparados para viajar até Delaware para comparecer pessoalmente no julgamento.
A ação judicial de quarta-feira é um caso raro a nível mundial em que um presidente em funções processa alguém por difamação.
Uma série, podcasts e um livro
O processo de difamação está relacionado com "Becoming Brigitte", uma série de oito episódios publicada este ano com mais de 24 milhões de visualizações no YouTube, bem como podcasts ligados à série e difundidos nas redes sociais de Candace Owens. Também escreveu um livro, que entretanto foi retirado da Amazon.
Num dos seus vídeos, Candace Owens afirma mesmo ter recebido um telefonema de Donald Trump, pedindo-lhe para parar de falar de Brigitte Macron. O presidente americano explicou então que estava a meio de negociações entre a Rússia e a Ucrânia e não queria "chatear Macron". "Sabe, ela é velha e isso afeta-a muito", terá dito Donald Trump durante o telefonema.
A influenciadora "dissecou a aparência, casamento, amigos, família e história pessoal, distorcendo tudo numa narrativa grotesca destinada a inflamar as tensões e a degradar a imagem [de Brigitte Macron]", refere a queixa.
Candace Owens, que tem atualmente 5,6 milhões de seguidores no Instagram e 4,47 milhões no YouTube, responderá à ação judicial no próximo episódio do seu podcast, de acordo com o seu porta-voz.
Um primeiro julgamento em França
Esta teoria da conspiração está a circular desde a eleição de Emmanuel Macron em 2017. Foi então propagada pela autoproclamada jornalista Natacha Rey. Ela afirmava que Brigitte nunca tinha existido e que o seu irmão Jean-Michel Trogneux tinha mudado de sexo e começado a usar esse nome.
Em setembro de 2024, Natacha Rey e Amandine Roy, uma "médium espiritual", foram condenadas a pagar vários milhares de euros de indemnização a Brigitte Macron e 5.000 euros a Jean-Michel Trogneux, antes de serem absolvidas a 10 de julho. Brigitte Macron recorreu de imediato para o Supremo Tribunal francês.