O acordo surge depois de vários avistamentos de drones que perturbaram aeroportos, bases militares e uma central nuclear belgas no último mês.
A Bélgica fechou um acordo para comprar intercetores de drones fabricados na Letónia, informou o Ministério da Defesa, após uma série de incursões perto de aeroportos belgas, bases militares e uma central nuclear.
Segundo o Ministério da Defesa belga, os drones kamikaze defensivos serão adquiridos à empresa letã Origin Robotics no âmbito de um pacote anti-drone de 50 milhões de euros. Não se sabe ao certo quanto desse dinheiro irá para a empresa e quantas unidades foram encomendadas.
A compra surge depois de, no início do mês, o avistamento de drones ter forçado o encerramento temporário do principal aeroporto internacional da Bélgica, em Bruxelas, e de Liège, um dos maiores aeroportos de carga da Europa. Estas incursões seguiram-se a uma série de voos de drones não identificados perto de uma base militar na cidade de Marche-en-Famenne, onde estão armazenadas armas nucleares americanas.
As autoridades belgas, incluindo o ministro da Defesa, Theo Francken, afirmaram suspeitar que a Rússia é responsável pelas incursões dos drones. Moscovo negou qualquer envolvimento.
Na segunda-feira, Francken deslocou-se à Letónia, onde anunciou o acordo para a compra dos drones BLAZE à Origin Robotics.
"É um prazer estar em Riga para conhecer os nossos parceiros letões, a quem vamos adquirir drones intercetores", escreveu no X, com uma fotografia sua a segurar um drone na fábrica da empresa. "Passo a passo, estamos a tornar a Bélgica mais resistente às ameaças modernas".
De acordo com o site da Origin Robotics, o BLAZE, alimentado por IA, é um "intercetor portátil e de rápida utilização, concebido para derrotar ameaças aéreas em movimento rápido".
Além do pacote de 50 milhões de euros, Francken disse que o Ministério da Defesa estava a planear investir 500 milhões de euros numa estratégia anti-drone abrangente e de longo prazo. Esta estratégia incluirá sistemas de radar avançados e capacidades de interferência alargadas.
Na sequência das recentes incursões na Bélgica, o país também solicitou o apoio de equipas anti-drone de França, Alemanha e Reino Unido para fornecer equipamento e formação.
A Bélgica é a sede da NATO e da UE, bem como da maior instituição de compensação financeira da Europa, a Euroclear, que detém dezenas de milhares de milhões de euros em ativos russos congelados.
Francken disse aos meios de comunicação locais no início deste mês que acreditava que a Bélgica estava a ser vigiada de perto por causa desses ativos.
Vários países da UE querem usar esses ativos como garantia para conceder empréstimos à Ucrânia. Até agora, Bruxelas tem resistido e Moscovo prometeu retaliar se isso acontecer.
Para além da Bélgica, nos últimos meses, os drones obrigaram os aeroportos de toda a Europa a suspender os voos, sendo que as operações de guerra híbrida russas estarão na origem de alguns dos incidentes.