O Irão reafirmou o seu apoio à Venezuela no meio de uma escalada com os Estados Unidos, enquanto Trump evitou excluir uma intervenção militar. Caracas já avisou que se defenderá de qualquer agressão.
O Irão manifestou na terça-feira o seu apoio incondicional à Venezuela face ao aumento das tensões com os Estados Unidos. O presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, telefonou a Nicolás Maduro e denunciou as "provocações" de Washington, assegurando que a aliança bilateral se mantém.
O gesto surge numa altura em que o destacamento militar dos EUA nas Caraíbas mantém as tensões regionais elevadas e levou ao cancelamento de voos de e para a Venezuela.
"Os dias de Maduro estão contados", avisa Donald Trump
O presidente dos EUA intensificou a narrativa durante uma entrevista ao 'POLITICO', dizendo que Maduro está a viver "os seus últimos dias" no poder.
Questionado sobre uma possível invasão terrestre, Donald Trump evitou descartá-la e lembrou a operação militar que os EUA mantêm nas Caraíbas com o argumento de combater o narcotráfico. Caracas acusa Washington de usar esta narrativa como pretexto para justificar ações mais agressivas.
Grupos de defesa dos direitos civis nos Estados Unidos processaram a administração Trump na terça-feira para a obrigar a revelar a "justificação legal" dos ataques a alegados barcos de droga em águas internacionais desde setembro, operações que fizeram, pelo menos, 87 mortos. A ação foi apresentada no tribunal federal do Distrito Sul de Nova Iorque pelo Centro para os Direitos Constitucionais, a ACLU e a sua filial de Nova Iorque, depois de a Casa Branca ter ignorado um pedido formal de informação ao abrigo da Lei da Liberdade de Informação (FOIA).
A ação judicial procura forçar a divulgação de um parecer jurídico interno do Gabinete de Assessoria Jurídica do Departamento de Justiça (OLC), que os grupos demandantes alegam ter endossado os ataques.
Caracas garante que o país se defenderá
Da capital venezuelana, o governo respondeu afirmando que a Venezuela é um país "de paz", mas que responderá a qualquer agressão por terra, mar ou ar.
Jorge Rodríguez, presidente da Assembleia Nacional da Venezuela,acusou os EUA de procurarem "um cenário de confronto" e descreveu o argumento antidrogas como "hipocrisia".
"Temos a determinação de lutar, de combater, de batalhar pela nossa liberdade", afirmou o ministro da Defesa venezuelano, Vladimir Padrino, que considera que o país tem respondido "com dignidade" às "ameaças" norte-americanas.
Cancelada a conferência de imprensa de María Corina Machado em Oslo
Enquanto decorre a escalada de tensões entre EUA e Venezuela, persistem dúvidas sobre a chegada de María Corina Machado à cerimónia de entrega do Prémio Nobel da Paz, prevista para quarta-feira.
O Instituto Nobel cancelou a conferência de imprensa que María Corina deveria dar na terça-feira, por não poder confirmar se a líder da oposição poderia sair da Venezuela, onde vive escondida.
A sua família, já em Oslo, mantém a esperança de que ela possa viajar a tempo, embora não haja confirmação da sua partida**.**