Revisão em baixa do crescimento económico na União Europeia

O relatório intercalar da Comissão Europeia prevê que a economia alemã diminua este ano a uma taxa de -0,4%.
O relatório intercalar da Comissão Europeia prevê que a economia alemã diminua este ano a uma taxa de -0,4%. Direitos de autor Michael Probst/Copyright 2023 The AP. All rights reserved
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De  Jorge LiboreiroIsabel Marques da Silva (Trad.)
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Artigo publicado originalmente em inglês

A Comissão Europeia reviu em baixa as previsões económicas intercalares de verão, com a inflação nos bens e serviços ainda "a ter um impacto maior do que o esperado"

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A economia do bloco "continua a crescer, embora com uma dinâmica reduzida", afirmou a Comissão Europeia num relatório intercalar. Prevê-se agora que a União Europeia (UE), no seu conjunto, registe um crescimento modesto de 0,8% este ano, ligeiramente inferior ao 1% projetado na primavera, e de 1,4% em 2024.

A zona euro registará taxas igualmente reduzidas: 0,8% em 2023 (em comparação com 1,1% na estimativa anterior) e 1,3% em 2024.

A Alemanha, a potência industrial do bloco, registará uma quebra de -0,4% este ano, um sinal preocupante que deverá repercutir-se nos seus vizinhos. A Polónia, por exemplo, terá uma expansão de apenas 0,5% em 2023, depois de ter registado uma taxa saudável de 5,1% em 2022.

A inflação entre os países que utilizam a moeda única deverá atingir 5,6% em 2023 e 2,9% em 2024 - um valor ainda longe do objetivo anual de 2% que o Banco Central Europeu (BCE) está a tentar alcançar através do aumento das taxas de juro.

O BCE vai realizar uma nova reunião, na quinta-feira, para decidir o que poderá ser a sua décima subida desde julho de 2022.

As condições monetárias mais rigorosas impostas pelo BCE são uma das muitas razões que explicam a perda generalizada de dinamismo da economia da UE.

Muita incerteza

O relatório aponta como possíveis causas o enfraquecimento do consumo, o abrandamento das provisões de crédito e a lentidão da produção industrial, juntamente com a incerteza desencadeada pela guerra da Rússia contra a Ucrânia e os danos causados por catástrofes naturais, incluindo as inundações extremas e os incêndios florestais registados este verão.

A Comissão Europeia sublinha que os preços elevados se propagaram a todos os setores da economia, indo muito além da energia, que foi o motor inicial da inflação recorde do ano passado, mas que, desde então, tem vindo a diminuir.

"O aperto monetário pode pesar sobre a atividade económica mais do que o esperado, mas pode, também, levar a uma descida mais rápida da inflação, o que aceleraria a recuperação dos rendimentos reais", diz o relatório.

"Em contrapartida, as pressões sobre os preços poderão revelar-se mais persistentes, o que levará a uma reação mais forte da política monetária", acrescentou.

O mercado de trabalho da UE continua a ser "excecionalmente forte", com uma taxa de desemprego de 5,9%, em junho, e um aumento contínuo dos salários.

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