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UE rejeita a proposta de preço dos produtores chineses de veículos elétricos

A BYD é uma das empresas chinesas que enfrentam um agravamento dos direitos aduaneiros da UE.
A BYD é uma das empresas chinesas que enfrentam um agravamento dos direitos aduaneiros da UE. Direitos de autor Ng Han Guan/Copyright 2024 The AP. All rights reserved
Direitos de autor Ng Han Guan/Copyright 2024 The AP. All rights reserved
De  Jorge Liboreiro
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Artigo publicado originalmente em inglês

As negociações entre Bruxelas e Pequim sobre a disputa em torno dos veículos eléctricos entraram na reta final antes de uma votação decisiva.

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A Comissão Europeia rejeitou formalmente uma proposta apresentada pelos fabricantes chineses de veículos eléctricos (VE) para colmatar a diferença de preços entre eles e os concorrentes da UE, diferença essa que Bruxelas argumenta ser o resultado direto dos vastos subsídios concedidos por Pequim a este setor.

Os compromissos de preços são um instrumento comercial que as empresas podem utilizar para aumentar o preço e controlar os volumes das suas exportações, a fim de evitar os direitos aduaneiros anti-subvenções. Estes são, precisamente, os tipos de mecanismos que os veículos elétricos fabricados na China poderão em breve enfrentar quando entrarem no bloco.

"Posso confirmar que a Comissão analisou exaustivamente estas ofertas com base nas regras da Organização Mundial do Comércio e nas regras anti-subvenções da UE", afirmou um porta-voz da Comissão na quinta-feira.

"A nossa análise centrou-se na questão de saber se estas ofertas eliminariam os efeitos prejudiciais das subvenções identificadas nos nossos inquéritos e se estes compromissos de preços poderiam ser, efetivamente, controlados e aplicados. A Comissão concluiu que nenhuma das ofertas cumpria estes requisitos".

No final de uma investigação que durou meses, a Comissãoencontrou dinheiro públicoespalhado por toda a cadeia de abastecimento do setor chinês dos veículos elétricos, colocando as empresas europeias em risco de sofrer perdas económicas insustentáveis.

Consequentemente, o executivo propôs direitos adicionais, que variam entre 7,8% e 35,3%, consoante a marca e o seu nível de cooperação com a investigação, que se juntarão à atual taxa de 10%. O objetivo passa por garantir uma concorrência mais leal e reduzir a diferença de preços entre os fabricantes da UE e os chineses.

A BYD, a Geely e a SAIC estão entre as empresas que enfrentam tarifas mais elevadas. Os compromissos de preços que apresentaram destinavam-se a apaziguar as preocupações da Comissão e a evitar as medidas. A rejeição da oferta indica até que ponto as subvenções estão enraizadas e são extensas na China, sugerindo que a solução, a existir, será encontrada a nível político.

As negociações entre as duas partes entraram na reta final antes de uma votação decisiva dos Estados-Membros para tornar as tarifas permanentes durante cinco anos. A data da votação ainda não foi anunciada, mas poderá ocorrer já este mês.

Valdis Dombrovskis, vice-presidente executivo da Comissão Europeia responsável pelas relações comerciais, deverá encontrar-se com o seu homólogo, Wang Wentao, ministro do comércio da China, a 19 de setembro, em Bruxelas, o que constitui um sinal de intensificação das conversações.

Receios de dividir para conquistar

Os esforços do executivo nos bastidores sofreram um golpe esta semana, depois de o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, ter apelado publicamente à Comissão e aos Estados-Membros para que "reconsiderassem" a proposta de aplicação de tarifas aos veículos elétricos fabricados na China.

As observações apanharam Bruxelas de surpresa: até então, Espanha era considerada apoiante das medidas anti-subsídios, tendo votado a favor durante uma consulta não vinculativa em julho.

"Temos de reconsiderar todos nós, não só os Estados-Membros mas também a Comissão, a nossa posição relativamente a este movimento", disse Sánchez em Xangai, a última paragem da sua visita oficial de quatro dias à China.

"Como disse anteriormente, não precisamos de outra guerra, neste caso, uma guerra comercial. Precisamos de construir pontes entre a União Europeia e a China", acrescentou.

"E, a partir de Espanha, o que vamos fazer é ser construtivos e tentar encontrar uma solução, um compromisso, entre a China e a Comissão Europeia. Se me perguntarem, responderei que estamos a reconsiderar a nossa posição".

Horas mais tarde, um porta-voz do governo alemão congratulou-se com a reviravolta de Sánchez, afirmando que "a direção a seguir é uma direção que partilhamos". A Alemanha, líder mundial no setor automóvel, está a ser pressionada pela indústria nacional para fazer descarrilar as tarifas adicionais.

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As reservas explícitas de Sánchez, expressas em Xangai, depois de ter fechado um acordo de mil milhões de euros com uma empresa chinesa para a construção de uma fábrica de eletrolisadores em Espanha, fizeram imediatamente manchetes e suscitaram receios de que Pequim intensificasse a sua ingerência política.

No ano passado, a Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen,lançou um aviso severo sobre as "táticas de dividir para conquistar" da China e instou os Estados-Membros a cerrar fileiras, manter a unidade e enfrentar juntos os múltiplos desafios colocados pelo Partido Comunista.

Questionada sobre se a reviravolta de Sánchez seria o resultado destas táticas de "dividir para conquistar", a Comissão recusou-se a comentar e afirmou que a prioridade são as conversações.

"A Comissão Europeia concentra-se, atualmente, no cumprimento das próximas etapas processuais da nossa investigação (e) continua aberta a encontrar uma solução negociada com as autoridades chinesas", afirmou o porta-voz.

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"Qualquer solução desse tipo deve abordar adequadamente os efeitos prejudiciais das subvenções ilegais que identificámos no nosso inquérito anti-subvenções".

Para impedir que as tarifas se tornem permanentes, será necessária uma maioria qualificada contra a proposta, ou seja, 15 países que representem pelo menos 65% da população do bloco. Dado o peso de Espanha, a mudança de opinião de Sánchez poderá reequilibrar a equação.

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