Os principais índices bolsistas europeus começaram a semana de forma positiva, impulsionados pelas boas notícias dos setores da defesa e farmacêutico. Entretanto, novas questões sobre as tarifas de Trump estão a manter os mercados em alerta.
Os principais mercados acionistas europeus apresentaram bons resultados na segunda-feira, enquanto os investidores de todo o mundo aguardam mais notícias sobre as tarifas dos Estados Unidos, recentemente rejeitadas por um tribunal de recurso dos EUA.
Esta segunda-feira é o Dia do Trabalhador nos Estados Unidos, pelo que Wall Street permanece encerrada após o fim de semana.
Logo após o meio-dia na Europa, o índice FTSE 100 de Londres subiu mais de 0,2%, o DAX em Frankfurt ganhou 0,37% e o CAC 40 em Paris também subiu modestos 0,2%, após a notícia de que o setor manufatureiro de França começou a expandir-se em agosto, pela primeira vez desde janeiro de 2023.
Na Europa, o sentimento globalmente positivo dos investidores foi também alimentado por notícias de empresas individuais, incluindo a Novo Nordisk da Dinamarca. As ações da gigante farmacêutica ganharam quase 3% após a notícia de que o seu medicamento para perda de peso, Wegovy, reduziu o risco de ataque cardíaco, acidente vascular cerebral ou morte em 57%, em comparação com o tirzepatide, o ingrediente dos medicamentos rivais da concorrente Eli Lilly.
As ações do setor da defesa também subiram, na sequência da notícia de que a Noruega concordou em comprar pelo menos cinco novos navios anti-submarinos britânicos, num negócio avaliado em 10 mil milhões de libras (11,5 mil milhões de euros). Os navios são construídos por um grupo de empresas liderado pela britânica BAE Systems. As ações da empresa tinham subido 1,9% por volta do meio-dia na Europa.
"A BAE Systems teve um ganho notável, uma vez que os investidores reagiram positivamente ao seu papel num acordo de 10 mil milhões de libras entre o Reino Unido e a Noruega, para fornecer a esta última pelo menos cinco novos navios de guerra", afirma Russ Mould, diretor de investimentos da AJ Bell.
A notícia impulsionou as ações de outras empresas do setor: as ações da Babcock International Group também subiram mais de 3%.
"O ambiente otimista estendeu-se a outras empresas do setor da defesa, impulsionadas pela BAE. Este tipo de negócio é uma prova tangível de como a maior apetência dos países europeus para fazer mais despesas militares pode beneficiar empresas como a BAE", acrescentou Mould.
Comércio mundial misto na segunda-feira, ganhos da Alibaba
No resto do mundo, os mercados tiveram reações mistas, na segunda-feira, com os investidores atentos a novos desenvolvimentos depois de um tribunal norte-americano ter decidido rejeitar as tarifas do presidente Donald Trump.
O Tribunal de Recurso dos Estados Unidos para o Circuito Federal decidiu na sexta-feira que Trump foi longe demais quando declarou uma emergência nacional para justificar a imposição de taxas de importação mais altas para quase todos os países.
Os mercados norte-americanos permanecem fechados, esta segunda-feira, para o feriado do Dia do Trabalho. Os futuros para os índices S&P 500 e Dow Jones Industrial Average subiram 0,1%.
No comércio asiático, o Hang Seng de Hong Kong saltou 2,2%, enquanto o índice Shanghai Composite subiu 0,5%.
As ações da Alibaba destacaram-se ao valorizar-se 18,5% em Hong Kong, na sequência da notícia de que o gigante chinês da tecnologia registou fortes resultados, com um aumento de 78% no lucro líquido anual nos três meses terminados em junho.
Entretanto, os investidores estiveram atentos a um inquérito governamental, divulgado no sábado, que mostrou que a atividade fabril da China melhorou marginalmente em agosto. O índice de gestores de compras (PMI, na sigla em inglês) emitido pelo Gabinete Nacional de Estatística subiu de 49,3 para 49,4 em julho. Este inquérito é efetuado numa escala de 0 a 100.
Outro inquérito do setor privado, denominado RatingDog China General Manufacturing PMI, mostrou que o PMI geral foi de 50,5 no mês passado, contra 49,4 em julho. O cálculo da média dos dois inquéritos permite obter um PMI de 49,9, o que sugere uma certa resistência da indústria transformadora, apesar das tarifas impostas pelos Estados Unidos sobre os produtos chineses superiores a 50%, afirmou Zichun Huang, da Capital Economics, num comentário.
A China e os Estados Unidos estão ainda a negociar um acordo comercial alargado.
"Os PMIs sugerem que a economia da China acelerou no mês passado, graças a um crescimento mais rápido na indústria transformadora e nos serviços. Mas não vemos um horizonte favorável no resto do ano", disse Huang.
O índice Nikkei 225 do Japão caiu 1,2%, enquanto o Kospi da Coreia do Sul caiu 1,4%.
As ações também caíram na Austrália, com o S&P/ASX 200 a perder 0,5%.
O índice de referência de Taiwan perdeu 0,7% e o Sensex da Índia ganhou 0,7%.
Noutras transações de segunda-feira, o ouro ganhou mais de 0,7% e estava a ser negociado a $3.541,90 por volta do meio-dia na Europa. O petróleo bruto de referência dos Estados Unidos (WTI) ganhou 1% e foi negociado a $64,65 por barril. O petróleo Brent, que é o padrão internacional, avançou 0,9% para $68,10 por barril.
O dólar americano subiu para 147,07 ienes japoneses, de 147,02 ienes. O euro subiu para $1,1728 de $1,1696.
Nas próximas duas semanas, os mercados podem enfrentar alguma turbulência, com os investidores a aguardarem dados sobre a inflação da União Europeia e a produção dos Estados Unidos na terça-feira. Os dados sobre o produto interno bruto (PIB) da União Europeia e as folhas de pagamento não agrícolas dos Estados Unidos vão dominar a sexta-feira. Na próxima semana, o destino do governo francês vai ser decidido por uma moção de confiança, na segunda-feira, potencialmente arrastando consigo todo o orçamento e a certeza fiscal da segunda maior economia da Europa.
Na quinta-feira, o Banco Central Europeu (BCE) vai realizar uma reunião de política monetária.